O novo presidente avisou os socialistas que não pretende abrir crises políticas desnecessárias mas garantiu que não andará com o Governo ao colo nem votará contra as suas ideias.
"Contarão, o PS e o Governo, com um PSD determinado, apostado em não abrir crises políticas, de que o país não precisa, mas um partido também que não andará com certeza - como tenho dito várias vezes - com o Governo ao colo e que não votará nem suportará aquilo com que não concorda", disse Passos Coelho, no seu discurso de vitória.
"Estamos disponíveis para ajudar Portugal a encontrar um caminho melhor e estamos, portanto, disponíveis para ajudar o Governo a vencer as dificuldades grandes em que o país se encontra. Mas vamos fazê-lo com as nossas ideias, com o nosso projecto para Portugal. Não podemos ser mais leais e determinados", acrescentou.
Em alusão à direcção de Manuela Ferreira Leite, o novo presidente considera que o partido "teve a oportunidade durante estes dois anos de fazer uma avaliação do que foi a estratégia que foi seguida e nesta altura creio que o PSD deixou inequívoca a sua vontade de mudar".
Para esta mudança, palavra que elegeu para mote de campanha, Passos Coelho disse esperar o "contributo para a coesão e para a unidade do PSD" dos seus opositores na corrida eleitoral.
A votação, acima dos 60 por cento, foi "um resultado muito expressivo", mas "não há nenhuma razão para começar a cantar vitória porque o trabalho começa a partir de hoje", entende Passos Coelho. "Estou convencido de que não recebi um cheque em branco, recebi um voto de confiança. E é a partir de agora que me compete mostrar que sou digno desse voto de confiança", reforçou.
"A minha primeira preocupação vai ser a de unir o PSD" disse Passos Coelho que, aos 45 anos, assume a presidência do Partido Social-Democrata. O novo presidente afirmou que conta com Paulo Rangel e Aguiar-Branco "na primeira linha da intervenção política no PSD", aludindo aos discursos dos adversários da corrida eleitoral para manifestar convicção que tal será possível. Tanto Paulo Rangel, como José Pedro Aguiar-Branco e Castanheira Barros defenderam a necessidade de coesão no partido.
A Região Autónoma da Madeira foi o único local onde Pedro Passos Coelho não ganhou. Na Madeira, Paulo Rangel, o candidato apoiado por Alberto João Jardim, conquistou mais de 87 por cento dos votos. O líder do PSD-Madeira não comentou o resultado eleitoral, dizendo estar "consumada a eleição" de Pedro Passos Coelho, criticado pela sua posição na Lei das Finanças Regionais.
Paulo Rangel promete "atitude de lealdade"
O segundo candidato mais votado, registou 34 por cento dos votos, prometeu uma "atitude de lealdade" e de colaboração. "O partido pode contar, e o novo presidente, com a minha disponibilidade primeiro como eurodeputado eleito pelos portugueses o ano passado e agora como militante para colaborar num grande projeto social democrata que seja uma verdadeira alternativa àquele que foi o único adversário que tivemos nestas eleições, que foi o PS", afirmou.
O eurodeputado conseguiu arrancar sorrisos a uma plateia que foi acompanhar a revelação dos num hotel em Lisboa e que, apesar das sondagens apontarem para a eleição de Passos Coelho, ainda acreditava na vitória. Dizendo que a corrida eleitoral para a presidência do PSD foi um "privilégio" enquanto experiência política e pessoal, Paulo Rangel felicitou o novo líder pela "vitória clara e expressiva" e pediu um aplauso para o novo presidente do PSD.
Aguiar-Branco deixa liderança de bancada parlamentar
O actual líder da bancada parlamentar, José Pedro Aguiar-Branco, que recolheu 3,61 por cento dos votos, colocou o lugar à disposição do novo líder garantindo que "a campanha acaba aqui, a campanha acaba hoje". Aguiar-Branco deixou o alerta: é "preciso continuar o trabalho de oposição firme e responsável" no Parlamento, considerando necessária "coragem para levar a comissão de inquérito do caso TVI até ao fim".
Passos Coelho sublinhou esperar "um papel muito cooperante" do ainda líder parlamentar Aguiar-Branco na condução da bancada, até que seja escolhida a nova direcção.
Aguiar-Branco sublinhou a forma "genuína" da sua campanha. "Disseram que nunca apresentaríamos estar candidatura e apresentámos, disseram que nunca teríamos assinaturas suficientes e tivemos. Não tivemos o aparelho numa mão e a as sondagens na outra. Não tivemos camiões, call centers ou claques", mas foi "uma campanha diferente, feita por centenas de militantes voluntários, gente livre, sem interesses, genuinamente preocupados com o futuro do partido".
O candidato derrotado considerou que Passos Coelho tem agora três desafios fundamentais: a organização do partido, a continuidade do trabalho de oposição da bancada parlamentar e a prova de união que precisa de dar.
"Mais do que palavras é fundamental dar provas de união. Garantir que aconteça o que acontecer não voltaremos a ter excluídos, ostracizados e marginalizados no partido" sublinhou. Aguiar-Branco entende que "este não é só um desafio para Pedro Passos Coelho" mas também para as outras candidaturas, esperando "um compromisso de acabar com as guerrilhas internas, de acabar com as facções, de acabar com as trincheiras que dividem sem sentido os militantes do partido".
Castanheira Barros aponta "experiência gratificante"
Castanheira Barros deu os parabéns a Passos Coelho pela sua vitória, adiantando que será "o seu presidente" e que irá até à sua sede de candidatura para o cumprimentar pessoalmente. Na sede nacional do PSD, Jorge Castanheira Barros disse ter sido uma "elevada honra" poder candidatar-se à presidência do partido. "Percorri o país de lés a lés, recolhendo assinaturas, sem regatear apoios, foi uma experiência extremamente gratificante e se há um valor supremo no PSD é o do pluralismo de opiniões", considerou.
O candidato de Coimbra revelou ter tido em Faro os votos de 89 militantes, num universo de 112 votantes. No total de eleitores, o candidato arrecadou 0,2 por cento dos votos.
Castanheira Barros disse estar ao "dispor" do novo presidente da comissão política nacional para contribuir "com a força das ideias" e apelou a que o partido, que "vai continuar laranja", ganhe "uma certa matiz verde".
Eleições participadas
O presidente do conselho de jurisdição do PSD, Morais Sarmento, admitiu que estas eleições internas podem ter sido as mais participadas de sempre e disse esperar que o acto eleitoral sirva para unir o partido.
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Quando o Dr. Luís Filipe Menezes venceu, o aparelho tratou de o mandar embora infernizando-lhe a vida... espero que o Dr. Passos Coelho saiba arrumar a casa, que anda á deriva há muito tempo! Portugal precisa do PSD, Portugal precisa de um Pedro Passos Coelho forte, um trasmontano a sério!