Um misterioso sistema de escrita — chamado elamita linear — usado há cerca de 4 mil anos naquilo que é hoje o sul do Irão, pode finalmente ter sido decifrado, embora alguns especialistas estejam céticos.
Elamita linear era um sistema de escrita usado em Elão durante a Idade do Bronze e conhecido principalmente por algumas inscrições monumentais. Elão, por vezes referido como Susiana, foi uma antiga civilização, rival dos sumérios e dos acádios, e, posteriormente, dos babilónios, na disputa pela hegemonia do Próximo Oriente.
No seu artigo publicado recentemente na revista científica alemã Zeitschrift für Assyriologie und Vorderasiatische Archäologie, a equipa de cientistas descreve o trabalho que fez para decifrar os exemplos da antiga língua e fornece alguns exemplos do texto traduzido para inglês.
O arqueólogo francês François Desset e os restante coautores argumentam que é o mais antigo sistema de escrita puramente fonográfica, embora outros, como o linguista Michael Mäder, argumentem que é parcialmente logográfico.
Várias equipas de investigadores estudaram o idioma e fizeram algumas incursões, mas a maioria permaneceu um mistério. Neste novo esforço, usaram algumas novas técnicas para decifrar o idioma.
Neste novo estudo, os autores determinaram o que muitos sinais significavam, mas cerca de 3,7% dos sinais do idioma permanecem indecifráveis. Existem mais de 300 sinais que representam sons diferentes, como um sinal em forma de crescente (>) que se lê como “pa”, escreveu a equipa no artigo.
De acordo com a ScienceAlert, não só os resultados foram questionados por alguns cientistas, como também há outra polémica. Não é claro se todos os artefactos usados para decifrar o sistema de escrita foram adquiridos legalmente.
Apenas cerca de 40 exemplos conhecidos de elamita linear sobrevivem hoje, tornando o idioma difícil de descodificar.
A chave para alegadamente decifrá-lo foi a análise de oito inscrições em taças de prata. Sete delas pertencem a um colecionador chamado Houshang Mahboubian, enquanto a outra está na coleção de Martin Schøyen, um empresário e colecionador norueguês.
A inscrição de Schøyen e centenas de outros artefactos da sua coleção foram apreendidos pela polícia norueguesa no ano passado.
Um relatório publicado pelo Museu de História Cultural de Oslo salientou que Schøyen “não forneceu a documentação da remoção legal do Irão e as evidências sugerem saqueamento, contrabando e comércio ilícito”.
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