(Cruzeiro da Igreja Românica de Mancelos, janeiro de 1951)
«Igreja de Mancelos e Adro
Mosteiro já mencionado em 1120, talvez na esfera dos Portocarreiros e depois dos Fonsecas, Mancelos constitui um exemplo da intervenção senhorial na criação e manutenção de igrejas particulares.
Tendo sido integrada na ordem dos cónegos regrantes de Santo Agostinho, é provável que a data, 1166, inscrita num silhar da Igreja, testemunhe a sagração ou a dedicação do templo. Todavia, os vestígios arquitetónicos subsistentes remetem-nos para o século XIII, sendo esta cronologia mais evidente no portal principal. Este é abrigado pela galilé, o que explica o seu bom estado de conservação. Os capitéis foram elegantemente esculpidos e o tímpano liso é sustentado por duas figuras ao modo de atlantes.
A igreja apresenta uma planta longitudinal composta por nave e capela-mor retangular. No exterior possui uma torre quadrangular, adossada à frontaria pelo lado Sul e composta por três andares. A galilé e a torre, entre outros elementos, como as ameias, conferem monumentalidade à Igreja, profundamente modificada nos séculos posteriores à sua edificação. Tal é evidenciado pelas cicatrizes do paramento e pelos acrescentos estruturais. No interior, apenas o arco triunfal recorda a construção românica.
No exterior da igreja, abrindo para o que poderá ter sido o claustro monacal, existe um arcossólio que enquadra um túmulo, em cuja face se esculpiu, entre outros símbolos, um homem armado com lança perante o que parece ser uma cabra e um lobo. No cemitério encontra-se sepultado o pintor Amadeo de Souza-Cardoso (1887-1918), figura maior do Modernismo português.
A igreja de São Martinho de Mancelos integra a Rota do Românico.
«Igreja de Mancelos / Igreja de São Martinho e Adro
Edifício do Séc. 13. Planta com desenvolvimento longitudinal, composta por nave, precedida por galilé, capela-mor e torre sineira quadrangular adossada a S. sensivelmente avançada. Volumes articulados com coberturas diferenciadas em telhados de 2 águas na igreja e plana na torre. Empenas da igreja e galilé com merlões.
Edifício do Séc. 13.
Planta com desenvolvimento longitudinal, composta por nave, precedida por galilé, capela-mor e torre sineira quadrangular adossada a S. sensivelmente avançada.
Volumes articulados com coberturas diferenciadas em telhados de 2 águas na igreja e plana na torre.
Empenas da igreja e galilé com merlões. A fachada principal, orientada a poente, é flanqueada pela torre aberta por vão de arco pleno com trave recta, fresta e janela retangular.
Sobre a cornija, dupla sineira coroada por pináculos e elementos curvos ao centro. Na galilé abre-se vão de arco sensivelmente quebrado e na empena nicho. O portal da igreja, de quatro arquivoltas de arco quebrado tem ornamentação fitomórfica. O tímpano, liso, é sustentado por duas figuras, uma feminina e outra masculina.
Na parede lateral da face meridional admira-se uma arqueta decorada com uma figura humana e dois cavalos esculpidos. No interior da nave existem duas portas laterais, a do N., dando acesso a uma construção aposta à igreja, de construção rudimentar, outra do lado S., que comunica com o pátio do primitivo claustro. Possui no lado da Epístola e lateralmente, postos de ângulo, retábulos de talha branca e dourada.
Arco triunfal quebrado sobre colunas. Tecto de madeira com perfil curvo. A Capela-mor tem também retábulo de talha branca e dourada. Pela capela-mor ou pelo pátio tem-se acesso à sacristia, que se desenvolve em dois pisos. O adro fronteiro à igreja é delimitado lateralmente por muros de vedação a N. (cemitério) e a S. (propriedade privada); a O., tem duas fontes e, rematado o eixo da igreja, um cruzeiro delimitando-o no topo.
1109 - Fundação de uma primeira construção; séc. 13, meados - construção da igreja; séc. 19 - feitura dos retábulos.» in http://www.baixotamega.pt/frontoffice/pages/302?geo_article_id=342