Muitas vezes recordo com saudade, os torneios de futebol de cinco que existiram nos tempos da minha juventude, no campo polidesportivo aberto, da florestal. Além de tudo, era um grande espaço de convívio intergeracional da população amarantina e não só, dado que à nossa cidade vinham equipas e apoiantes de todos os concelhos vizinhos. Foi para mim, um privilégio ver ali jogar atletas maiores do futebol amarantino, como Paulo Antunes, Paulo Laranjeira, Carvalho, entre muitos outros. Era igualmente, um espaço privilegiado para os atletas mais amadores se mostrarem e revelaram-se ali muitos jogadores de futebol, com bastante valor, incógnitos até então.
Entretanto, nesse local, são construídas as Piscinas Municipais de Amarante, que poderiam e deveriam ter potenciado uma prática desportiva no campo da natação, com as duas vertentes exigíveis num investimento deste tipo: manutenção e desportiva. Nesta área, no campo desportivo, fomos claramente ultrapassados por concelhos vizinhos: Penafiel, Fafe e Felgueiras. Felgueiras é a este nível, um município exemplar, que apostou forte na vertente competitiva, levando a que muitos jovens dos concelhos limítrofes, lá se dirijam, para praticarem natação de alto nível competitivo.
Recentemente, Amarante evolui, com a construção das Piscinas de Real, em Vila Meã, num investimento mais bem pensado e adequado. Futuramente, Amarante acabará por ter de gastar muito dinheiro, para corrigir erros do passado, com a construção de um complexo de piscinas, mas desta vez, com muito mais acerto e abrangência desportiva futura…
Entretanto na década de oitenta começam a pulular pelas freguesias campos de futebol pelados e sem estruturas físicas de apoio que, foram dando lugar a torneios entre freguesias, até à constituição da FADA (Federação Associações Desportivas de Amarante), que colocou muita gente amadora a jogar futebol de onze, numa vertente mais séria… acho até que, de algumas forma, se perdeu o espírito inicial, tornando-se demasiado competitiva, mais polémica e azeda, com muito menos convívio enriquecedor. Mesmo assim, considero que a FADA contribuiu e muito, para o crescimento do desporto nas freguesias, assim como das suas infra estruturas e do seu desenvolvimento sócio cultural.
Foram posteriormente construídas duas infra estruturas desportivas em Amarante: o Pavilhão Gimnodesportivo e o Complexo Desportivo da Costa Grande. Também aqui se lamenta que um investimento desta envergadura, não tenha atingido os patamares de funcionamento impostos ao seu aproveitamento integral. Note-se que o Pavilhão Gimnodesportivo, não dispõe de altura mínima exigida para a prática desportiva profissional de voleibol, segundo me informaram técnicos da área, obstaculizando a organização de eventos desportivos que envolvam torneios internacionais, nomeadamente para jogos de Seleções Nacionais. A Pista de Atletismo da Costa Grande, não permite a organização de qualquer prova de atletismo ao nível de campeonatos nacionais, segundo me informaram, pessoas ligadas ao Atletismo. Sendo certas ou não estas premissas, penso que Amarante perde, ao não organizar com regularidade, eventos desportivos que tragam à nossa terra muitos atletas e público, pois perdemos visibilidade e oportunidade de dar uma imagem de cidade de vanguarda na área desportiva.
No automobilismo, em que Amarante tem uma enorme tradição, quem não se lembra do Dia de “São Rali”, em que a nossa Cidade era visitada por milhares de entusiastas do desporto automóvel e turistas em geral, nacionais e internacionais, parece que estamos a definhar. Agora, pelos vistos, nem o mais conceituado piloto amarantino, Vítor Pascoal, é patrocinado pelo nosso município; mas, imagine-se, recebe o apoio do Município de Baião, que não me parece que tenha mais recursos financeiros que o nosso. Vai daí, o nosso grande piloto não pode concorrer no escalão maior da modalidade… e o nome de Amarante já não aparece com a mesma evidência, nas provas de automobilismo nacionais.
Na canoagem, em que até já tivemos um atleta olímpico, Joaquim Queirós, existe agora com a construção da Barragem de Fridão, a ameaça de destruição do Complexo Desportivo das Fontainhas, em que o ABC desenvolve o seu trabalho de treino, onde se disputam provas nacionais e internacionais, estágios de equipas de todos os cantos do mundo; portanto, uma infra estrutura de grande impacto e relevo desportivo, para Amarante. Também nisto, parece que mais uma vez vamos perder, pois o mínimo que se exigiria era que se pedissem contrapartidas sérias ao principal beneficiário da obra, a EDP…
Foram recentemente inaugurados três centros escolares, com toda a pompa e circunstância, no nosso concelho. Trata-se de estruturas educativas de excelência, mas que e quanto a mim, pecam num aspeto essencial. Haverá algum projeto educativo no século XXI que não privilegie a prática desportiva, a saúde e os hábitos de higiene?... - Penso que a resposta é óbvia: -Não! Onde estão as estruturas desportivas desses Centros Escolares?... Lembram-se quando foi defendida a construção de um Centro Escolar na freguesia de Real, ao invés da localização em Mancelos, com o argumentação a centrar-se na proximidade às Piscinas Municipais de Vila Meã, estribada na ideia de permitir uma prática desportiva regular aos alunos… e porque será que a taxa de utilização do pavilhão Gimnodesportivo de Vila Caiz, é muitas vezes superior à do Pavilhão Municipal de Amarante?... Será que em Vila Caiz se faz melhor promoção e gestão da política desportiva?... Será que as Escolas de Vila Caiz aproveitam o seu pavilhão com maior efetividade?... Será que Amarante vai continuar a ter alunos em escolas que não têm um pavilhão Gimnodesportivo? - É que estar à frente em matéria de educação é algo mais holístico, do que ter apenas mais Centros Escolares…
No futebol, área que me diz muito, como antigo atleta juvenil e sócio do Amarante F.C., ainda espero sentado, a conclusão dos tão desejados e prometidos relvados sintéticos, para apoio à formação. Já há muitos jovens amarantinos que têm que se deslocar diariamente aos concelhos vizinhos de Penafiel, Paços de Ferreira, Freamunde, para poderem evoluir na sua progressão enquanto atletas, participando em campeonatos nacionais. Amarante tem muitas tradições no crescimento de atletas de grande qualidade, mas ultimamente a sua missão está dificultada com a impossibilidade de participação nos campeonatos nacionais de formação, pelo que podendo ser um centro de excelência para o desenvolvimento de atletas na nossa região, somos agora um dos municípios mais atrasados nesta área; basta olhar à nossa volta… muitos atletas na formação, ajudam a ter mais subsídios camarários, em detrimento de outras associações, mas não garantem a qualidade do processo formativo.
A nossa riqueza é grande em termos de património natural, com esplendidas praias fluviais, excelentes percursos na natureza, de montanha e há desportos que surgiram nos últimos tempos que têm evidenciado muito sucesso: ciclismo, atletismo, caminhadas em roteiros pré-definidos, paintball, competições de jipes, etc. A Ecopista do Tâmega, no meu entender de leigo na questão, mas de utilizador com alguma assiduidade da mesma, é um excelente e belíssimo percurso, mas não deveria permitir a convivência entre ciclistas e peões, dado que devido á orografia do percurso, com algumas descidas acentuadas, promove uma velocidade excessiva dos ciclistas, o que causa sempre um grande desconforto aos utilizadores pedonais da ecopista, que chegou a ser apelidada de ciclovia por muita gente, mas que, decididamente, não tem essa vocação… e qualquer dia pode haver um acidente grave, que naturalmente, não se deseja!
(Estratégias para o desporto em Amarante)