«Região do Tâmega
Os rios Tâmega e Douro e as serras do Marão, Alvão, Aboboreira e Cabreira podem ser considerados os elementos definidores desta região. O Rio Tâmega nasce na Galiza, na serra de Monterrey, entrando em Portugal próximo de Chaves. De resto, dos 165 km do seu curso, só 25 km são feitos em território espanhol.
A jusante de Chaves começa a correr para sudoeste, orientação que manterá até à Ponte de Cavez (concelho de Ribeira de Pena).
Esta ponte marcava tradicionalmente uma fronteira entre Minho e Trás-os-Montes. Na margem direita existia, anexa ao solar nobre da Casa da Ponte uma capelinha dedicada a São Bartolomeu. Na margem contrária brotava uma fonte de águas termais com fama de santidade. Quando, por ocasião do 24 de Agosto, dia de São Bartolomeu, se realizava a romaria em honra do santo, inevitavelmente a rivalidade entre minhotos e transmontanos originava movimentadas rixas. Postados de um lado e doutro da ponte, desafiavam-se mutuamente dizendo uns «vinde à fonte» e respondendo os outros «vinde ao santo». O assunto era resolvido ao murro, à paulada e mesmo ao tiro, para desespero das autoridades.
Dado que, no panteão católico, São Bartolomeu tem os atributos de taumaturgo e exorcista, outro ponto forte da romaria era o exorcismo dos possessos. De resto, o santo é habitualmente representado com uma espada na mão e o demónio acorrentado aos pés, como sucede na imagem de madeira ainda hoje existente no interior da capela.
Não era, no entanto, esta a imagem utilizada pelo sacerdote exorcista, mas sim uma outra, em pedra, hoje colocada por cima do portal. E quando as palavras do ritual não pareciam surtir efeito, o padre dava com a estátua na cabeça dos endemoninhados e resolvia o assunto de vez.
Nas Novelas do Minho, Camilo descreve a procissão das endemoninhadas, comentando com uma ponta de cinismo que, perante a visão daquelas mulheres bonitas e bem constituídas, «o demo não escolhe um corpo qualquer» para se instalar…
A partir da Ponte de Cavez (destruída para dar lugar a um viaduto moderno) o Tâmega inflete para sul até à confluência com o Douro em Entre-os-Rios. É também a zona preferida pelos adeptos dos desportos náuticos, nomeadamente da canoagem de águas bravas e do «rafting».
Em termos de relevo, esta zona é limitada a norte pela serra da Cabreira (entre Vieira do Minho e Fafe), sendo a fronteira com Trás-os-Montes definida pelas cumeadas das serras do Marão (1415 m) e do Alvão (parte da qual classificada como Parque Natural).
A marcar a transição para o Douro, a serra da Aboboreira, limitada por um triângulo cujos vértices são Amarante, Marco de Canavezes e Baião. O Parque Natural do Alvão situa-se, parte no concelho de Mondim de Basto e parte no de Vila Real (já na região transmontana).
Aí se encontram aldeias onde os modos de vida tradicionais têm ainda expressão, como sejam os casos de Ermelo e Lamas d’Olo. Marcando a transição do granito para o xisto, as altas quedas de água das Fisgas do Ermelo, no rio Olo, ponto de visita obrigatória.
A pecuária é, nesta zona, uma atividade económica importante, criando-se um tipo especial de gado bovino, o maronês. A grande feira dos produtores desta raça é em Bilhó, perto de Mondim de Basto, pelo São Bartolomeu (24 de Agosto).
Do ponto de vista das técnicas de construção, aldeias como as descritas mostram soluções curiosas. Como se tratou sempre de uma região com maus acessos, havia que construir com os materiais que estavam mais à mão. E assim, em Lamas d’Olo as paredes eram em granito e as coberturas em colmo. Já em Ermelo, o material usado era o xisto.
Nos concelhos de Baião, Resende e Cinfães há já belos panoramas sobre o Douro, com as encostas da margem esquerda a subirem para as alturas da serra de Montemuro.
Há dois pontos fundamentais para observar esta região: os miradouros da Senhora do Viso (Celorico de Basto) e da Senhora da Graça (Mondim de Basto). Do primeiro, observa-se o anfiteatro de campos cultivados que desce para a margem direita do Tâmega com o Marão, o Alvão e a Senhora da Graça no horizonte, enquanto do segundo se tem uma vista já mais próxima do Parque do Alvão.
As condições particulares do Marão, com os seus ventos fortes, fizeram com que na cumeada perto da Pousada de São Gonçalo fosse instalado um parque eólico, cujos gigantescos hélices são bem visíveis para quem circula no IP4.
Não é apenas na serra do Alvão que é patente a transição do Minho para Trás-os-Montes. Esse quase virar de página na paisagem, passando dos campos de milho, dos socalcos verdejantes e da vinha de enforcado para as montanhas e os bosques dá-se na estrada de Mondim de Basto para Ribeira de Pena (a EN312), poucos quilómetros após a primeira destas localidades. Para montante da Ponte de Cavez, na estrada para Vila Pouca de Aguiar, idêntica transição.
Um olhar
Memórias de água doce
Transformava água em vinho. Era santa, legou ao futuro extenso rol de milagres. Um deles ainda me espanta. Como o rio não se avista daqui (é de trutas que desejo falar), descrevo o maravilhoso episódio. Senhorinha, a santa, durante a viagem de Vieira do Minho para Terras de Basto faz breve paragem junto a um regato. Aí inicia as orações; de súbito, um coro de coaxos quase lhe sufoca as preces. Calai-vos, pede voz mansa. Voz de religiosa. E as rãs emudeceram! Silenciar rãs, mesmo para comum mortal, é tarefa simples: basta ruído de gente, um gesto brusco. Milagre? Sim, milagre. Desde esse fatídico dia, aquelas rãs e as vindouras guardaram voto de silêncio. Poderes como este são raros. Dissolvem-se no tempo, é certo, mas vicejam na lenda. O regato onde a religiosa terá exercido os supremos dons, conheço-o bem. As rãs: ou renegaram o castigo de Senhorinha, ou, o mais provável, diluíram a memória na água. Coaxam de novo. Voltam agora a soltar na acalmia essa alegria líquida, quando a Primavera, em aluviões de verdura, adorna as margens do regato.
Vou falar de trutas, já o disse. E as antigas Terras de Basto – onde Senhorinha, a santa, aperfeiçoou a «sublime ciência de agradar ao esposo celestial» – é a geografia certa. Todos os rios aqui trazem à tona o rótulo de truteiros. O tempo do verbo, enfim, não parece fiável. De todo o modo, fica no presente. Se o leitor tiver paciência para acompanhar a jornada, talvez aprenda algo da arte de seduzir o mais nobre peixe da água doce. Reparou? Enquanto falava, calcei as galochas, apetrechei a cana. Os pescadores de truta ao pressentirem rumor de água limpa ficam impacientes. Volvidos dois lanços regressa a serenidade – predador sôfrego erra a investida.
Rio Douro fica a dois quilómetros da vila de Cabeceiras de Basto, na direcção de Montalegre. Neste rio, que o homem tornou dócil com os açudes, enganei e vi a iludir muitas trutas. Outros tempos, não longínquos. Agora imagine-se no final de Maio: o rio sacudiu o pesadelo do Inverno; a aluvião de verdura, que nos apareceu atrás, desagua nestas margens. É manhã cedo, nem um afago de sol. Verifico se há pegadas frescas na erva: é meu, é nosso, o rio. A amostra «pena de gaio», número 2, tomba no desfazer da corrente. Giro a manivela do carreto, devagar: o rio viaja ainda em abundante caudal. A amostra (também se chama colher) rodopia na correnteza: o seu brilho transgride nos domínios da truta. Provoca. Os mesmos gestos (armar o carreto, marcar de relance o sítio onde vai mergulhar a colher, lançar, rodar a manivela…) serão repetidos centenas de vezes ao longo do dia. Não se pescam trutas a bragas enxutas.
Ouve coaxos pungentes? São rãs e sapos. Em pleno delírio do cio. Paixão violenta, digo-lhe. Durante a cópula um dos parceiros morrerá; lenta morte, por asfixia, pasto de trutas e enguias depois. Esqueça-se o perturbador ritual amoroso, o trágico destino da vítima é remoto. Inútil, portanto, a humana compaixão. O primeiro açude. Está vazio. Sinais de abandono também nos campos. O fim da agricultura vê-se nos rios, na fauna escassa dos rios, na paisagem.
Meia centena de lançamentos e nem um «toque». Nenhuma truta perdeu a cabeça com o brilho e o movimento da amostra. De pouco vale a porfia. Outro rio, generoso, espera por nós. O Beça. Rio de montanha, margens temíveis. Nasce em Montalegre, desagua, como todos os rios de Basto, no Tâmega. Permita-me um desvio. Dê-se uma trégua à pesca. O rio faz fome, e as margens do Bessa, já o avisei, são de acesso rude. Vamos a Moscoso. Só pelo topónimo a aldeia serrana, na freguesia de Riodouro, merece a visita. Vamos a Moscoso saborear o melhor presunto do Minho. No Nariz do Mundo, café que adotou o nome de um desfiladeiro rochoso, áspero, existente na zona. Em Moscoso, quando arribam os frios do Inverno, fazem o «casamento do porco»; aqui o rito de sangue e guinchos transforma-se em festa comunitária. Ainda é manhã: mas este presunto sem vinho verde perde qualidade. Verde tinto da região brasonada, onde ecoaram anacrónicos vivas à Monarquia. Obra de um ex-padre, devoto de Paiva Couceiro: armou camponeses, mas o levantamento mirrou em breves dias. Lembro este episódio de sangue azul porque aqui, nos montes ao redor, renderam-se os últimos paivantes. E as trutas? As trutas esperam-nos no Beça. Dentro de uma hora, a amostra voltará a sulcar águas límpidas, frias, impetuosas. Descemos de Moscoso para Cabeceiras de Basto. Sem paragem na vila nem, poucos quilómetros adiante, na Igreja de Santa Senhorinha – à margem da estrada (na direcção de Arco de Baúlhe) e de um rio. Nos rios mansos, pescar à colher só mesmo para engano do vício. Mas, na pesca, há dias mágicos: a amostra até nos açudes mais calmos ilude trutas que entram na história. É nos dias de trovoada primaveril, anunciada pelos melros no alto das cerejeiras. Aguaceiros súbitos, tépidos, remexem os segredos do rio; as trutas grandes saem dos esconderijos, percorrem o açude à procura de alimento que a enxurrada arrasta. Com a chuva forte sobre o rio, tornam-se vulneráveis: não vêem o outro predador. O que está algures na margem, entre arbustos, e lança a amostra… e espalha o desassossego. A truta é voraz, zelosa do seu território. Eis o Beça, rio de pedra e água. Chegamos tarde! Para fazer pescaria, deveríamos estar aqui ao cantar do pisco e aguardar pela primeira luz da manhã.
Veja as pegadas na erva, na lama?! Não adianta, perda de tempo bater rio assombrado. Queria, pelo menos, mostrar-lhe as esculturas nas rochas, obra de invisível e paciente cinzel. Essas nenhum predador assombra. Encontram-se nos sítios mais agrestes, quase inacessíveis, onde o leito do rio é amarfanhado pelas margens. Quantos anos, milénios, demorou a água a esculpir, na escorregadia rudeza pétrea, essas obras ? Arte eternamente inacabada… E as trutas? As trutas… Sabe, o predador de água doce gosta de exibir os troféus, mas esconde a arte. Uma arte feita de anos de observação e experiência. É segredo, portanto. Enfim, ainda estamos a tempo de visitar outro rio. O Ôlo. Nasce na Parque Natural do Alvão, desagua em terras de Amarante. Agrada-lhe a ideia? Estará, com certeza, batido como todos os outros, mas é bonito de ver: corre num leito de seixos cor de ouro; nas margens – onde há pequenas courelas, outrora lavradas – podemos colher morangos silvestres e violetas… A pesca também é isto: uma colheita de rumores, de sabores e cheiros. E quem está no Ôlo, sobe, por estrada estreita e sinuosa, ao Parque Natural do Alvão: o fogo repastou-lhe a manta vegetal. Lá, lá no alto, paramos a marcha. O nosso destino é a memória da água doce: vamos contemplar as Fisgas do Ermelo. Espetáculo único: água a jorrar do ventre rochoso da montanha. Gritos de espuma. Os rios, afinal, não nascem no paraíso.
Turismo de Habitação
É nas Terras de Basto, designadamente em Cabeceiras e Celorico que se encontram alguns dos mais notáveis solares adaptados ao Turismo no Espaço Rural. Ao valor arquitetónico e patrimonial destas casas junta-se um outro trunfo: a envolvente paisagística, já que em quase todas se manteve a tradição dos jardins com plantas exóticas, como é o caso das japoneiras (camélias). Desta lista de casas a não perder destaquem-se a Casa de Campo, o Solar do Souto e a Casa de Canedo (Celorico) bem como a Casa da Tojeira (Cabeceiras).
O único ponto negativo destas casas são os acessos já que as vias rápidas acabam às portas de Fafe e as estradas, quer de Amarante para Celorico, quer de Fafe para Cabeceiras, estão longe de ser brilhantes.
A estada nesta zona possibilita uma série de passeios, como sejam ao Parque Natural do Alvão (via Mondim de Basto), às margens do Tâmega ou à Serra da Cabreira.
Descendo para o Douro e nomeadamente nos arredores de Amarante há também opções interessantes, umas pelo requinte da casa e pelas memórias que lhe estão associadas (Casa de Pascoaes onde viveu o autor de «Marânus»), outras pela sua rusticidade e pela sua situação no meio da serra (Casa da Levada em Travanca do Monte).
Ainda que os panoramas sobre o Douro não atinjam a espetacularidade do país vinhateiro, como sucede entre a Régua e o Pocinho, a estada nalgumas destas casas possibilita, apesar de tudo, o contacto com paisagens interessantes, nomeadamente na zona de Cinfães ou de Resende. Para além disso, não se percam as paisagens agrestes da Serra da Aboboreira, limitada pelo triângulo Amarante, Baião e Marco de Canavezes.
Paisagens e Património
Desde a confluência com o Douro, o Tâmega rasga um longo vale passando por Amarante, Mondim de Basto e pela parte ocidental do concelho de Ribeira de Pena, já na transição para Trás-os-Montes.
São terras de bom vinho verde branco e com socalcos cultivados trepando pelas faldas das serras do Marão e do Alvão.
Das paisagens não se percam as alturas da serra da Cabreira ou do Marão e as margens do Tâmega, onde a febre da ocupação, que é tipicamente urbana, ainda não chegou.
Amarante
Apesar da sua antiguidade, é só a partir de 1540 que a vila se desenvolve à volta do Convento de S. Gonçalo e da ponte medieval sobre o Tâmega.
Impõe-se, por isso, uma observação atenta do Convento e da Ponte que foi fronteira com direitos medievais de portagem e que em 1809, durante a II Invasão Francesa foi palco de aceso combate entre as tropas do general Silveira e as do marechal Soult. Desesperados pela resistência portuguesa que os fez perder um tempo precioso, os franceses viriam a incendiar e saquear boa parte da cidade.
O convento deve começar por ser visto do exterior, focando a atenção no portal e na Varanda dos Reis. No interior, atenção às capelas, a que guarda a estátua jacente de S. Gonçalo, a dos Votos e a de Santa Rita de Cássia.
Nos antigos alojamentos monacais funciona o Museu Sousa-Cardoso, com numerosos quadros deste grande pintor do século XX. Na parte antiga do museu, uma interessante coleção de arte sacra e etnográfica, incluindo as estátuas do Diabo e da Diaba de Amarante, testemunho dos ritos de fertilidade ligados ao culto de São Gonçalo.
Por cima do convento, ao cimo de umas escadas, está a pequena Igreja de Nossa Senhora dos Aflitos, com uma sala onde se guarda um conjunto de imaginário sacro.
Subindo pela Rua Teixeira de Vasconcelos, encontrará sucessivamente o Solar dos Macedos e dos Vasconcelos, a Igreja de S. Pedro, com teto em talha de madeira, a antiga Casa da Câmara e a Casa dos Peixotos.
Na Rua 31 de Janeiro pode comprar doces, enchidos e vinhos verdes da região.
Contudo, é nos arredores da cidade que se encontra o melhor do património concelhio: as igrejas e mosteiros românicos.
Destes, destaquem-se o mosteiro de Travanca, a igreja de Mancelos, com a sua torre fortificada anexa (na EN15, depois do cruzamento da Lixa), a igreja de Telões (na mesma estrada logo à saída de Amarante) e o mosteiro de Freixo de Baixo (próximo do templo anterior mas do lado contrário da estrada) e a Igreja de Gatão (na EN210, para Celorico de Basto).
Notável do ponto de vista paisagístico é a serra da Aboboreira, com as suas construções megalíticas e panoramas espetaculares, como sejam os da localidade de Castelo Velho, entre a típica aldeia de Travanca do Monte e Jazente (cuja igreja românica é igualmente merecedora de visita).
A uma altitude de 350 m, não faltam panoramas, como sejam os terrenos de socalcos com as vides, quintas aninhando-se monte acima ou os do vale da ribeira de Ovil que desagua no Douro perto de Ancede (onde se situam as ruínas do Convento de S. João Baptista). A barragem do Carrapatelo, no Douro, não fica longe.
À volta da vila há pequenos povoados serranos, e se subir ao miradouro da Serrinha abarca o vale do Douro.
Cabeceiras de Basto
A praça principal da vila é um antigo terreiro conventual onde se localiza o Mosteiro de Refojos. Este vale sobretudo pela igreja com rica talha dourada do séc. XVIII, muitas imagens antigas, o cadeiral do coro e um zimbório de complexa arquitectura, ornamentado pelas figuras dos doze apóstolos.
A partir de Cabeceiras vários passeios são possíveis. Na vizinha localidade de Arco de Baúlhe não perca o pequeno museu ferroviário, memória da linha do Tâmega, hoje desativada no seu troço mais bonito (por correr paralelo ao rio), entre Amarante, Mondim de Basto e Arco.
Outra possibilidade é o antigo estradão dos Serviços Florestais que parte de Abadim e Moinhos de Rei e segue pela Serra da Cabreira até Vieira do Minho. Pelo caminho, cascatas, matas e aldeias antigas como Busteliberne.
Celorico de Basto
A cerca de 3 km de Celorico situa-se o Castelo da Arnóia, com torre quadrangular ligada a um recinto muralhado poligonal.
Se vier de Cabeceiras por Arco de Baulhe pela EN210 acompanha em ziguezague o traçado da desactivada linha do Tâmega e descobre de quando em vez o rio e uma bela paisagem com bouças e os corgos. Por este percurso encontra um conjunto notável de solares, alguns dos quais adaptados ao Turismo de Habitação: a Casa do Canedo em Barreiro, a Casa do Campo, em Molares, a Casa da Boa Vista e a Casa do Outeiro, perto de Fermil e, ainda, as do Prado e da Igreja, no Corgo.
A serra do Alvão perfila-se um pouco mais longe, na direcção da vizinha vila de Mondim de Basto, destacando-se ao longe o pico dominado pelo santuário e miradouro da Senhora da Graça.
Castelo de Paiva
Para além das rotas indicadas a seguir na vizinha Cinfães há, por perto, locais que pode visitar: a 4 km fica a Quinta da Fisga com um solar do séc. XVII o que lhe dá azo a debruçar-se sobre um precipício e a apreciar outras vistas sobre vertiginosas paisagens no Alto dos Carvalhões e no Alto do Facho e, por estradas difíceis, a Fontela de Midões, Raiva e Vista Alegre.
Para além disso tenha presente que o Paiva é um dos mais belos e menos poluídos rios portugueses e justamente por isso preferido pelos amantes dos desportos radicais. Vale, por isso, a pena tomar a chamada «marginal do Paiva» a sinuosa e degradada EN225 até Alvarenga e Castro Daire.
Cinfães
Na direcção de Castelo de Paiva aproveite uma bela rota junto ao rio Douro com vertentes de farta vegetação, passando por S. Cristovão de Nogueira, com igreja românica e Casal. Antes de Tarouquela (igreja românica), pode desviar para Tapados ou para o Outeiro das Carneiras ou, ainda, para o marco geodésico de Monte de Gateiras. Todos eles são pontos de esplendorosa vista sobre o vale do rio Douro. Adiante de Tarouquela estão Escamarão e a igreja de S. Miguel, de estilo românico, bem conservada.
Marco de Canaveses
Por esta zona, o Douro continua a dominar. Às portas do Marão é terra de solares e casas de lavoura espalhados pelas aldeias limítrofes, como S. Nicolau ou Vila Boa de Quires. Pode excursionar por Tabuado observando a sua igreja românica, ou seguindo por Tuias, Avessadas, Lamoso e Alpendurada, que é uma varanda sobre o Douro, para além de conservar o Mosteiro Beneditino de S. João Baptista, com igreja espaçosa e uma estrutura conventual que é propriedade privada.
Na sede do concelho veja a igreja moderna projectada por Siza Vieira e, já na direcção do Porto, em Vila Boa de Quires, a enigmática Obra do Fidalgo, a fachada barroca de um gigantesco palácio que, devido a um conjunto de acontecimentos nefastos nunca passou disso mesmo, de uma gigantesca fachada com as suas dezenas de janelas vazias dando um ar de cenário de teatro.
Igualmente notável, mas já na direcção do Douro, a cidade romana do Freixo, ou Tongóbriga. Começou por ser um acampamento militar romano no século I, quando as legiões dos césares ocuparam a Península Ibérica.
A localização era estratégica, já que representava o meio caminho exacto entre Braga e Aregos onde se transpunha o Douro. A cidade que aos poucos foi nascendo teria chegado a ocupar 30 hectares e aqui terão vivido muitos milhares de pessoas.
Mondim de Basto
Esta vila de fronteira entre Minho e Trás-os-Montes olha de longe a serra do Alvão e tem ao lado os rios Tâmega e Cabril.
Na povoação, a Igreja Matriz e a Capela do Senhor não são grandes peças; ao lado dos Paços do Concelho observe a Casa de Eiró. Uma primeira rota por estrada florestal leva-o à Ermida da Senhora da Graça, uma ascensão deslumbrante que oferece panorâmicas para todos os pontos cardeais.
Pela EN 304, na direcção de Vila Real, vai até Ponte do Olo em Ermelo e daqui ao alto do Fojo com os monumentais rochedos e a queda de água das Fisgas do Ermelo.