Mostrar mensagens com a etiqueta Política de Educação. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Política de Educação. Mostrar todas as mensagens

05/10/17

Educação - Renato Paiva, especialista em educação e autor do livro «O Segredo para Alcançar o Sucesso na Escola, acredita que sim, num artigo de opinião que convida à reflexão.



«OS PROFESSORES AINDA SÃO FIGURAS DE REFERÊNCIA?

Renato Paiva, especialista em educação e autor do livro «O Segredo para Alcançar o Sucesso na Escola, acredita que sim. Um artigo de opinião que convida à reflexão.

A chegada à escola marca o encanto pela aprendizagem e mais uma etapa do nosso crescimento. É na escola que contactamos mais frequentemente com os nossos amigos, que brincamos com eles, mas também é lá que iniciamos o nosso percurso escolar. É com o professor primário, no primeiro ciclo, que iniciamos a aprendizagem formal da leitura, da escrita, do cálculo, da nossa história, da nossa geografia que nos vai alimentando e satisfazendo a voraz curiosidade em querer saber sempre mais.

Professores que nos acolhem e marcam pela sua paciência, dedicação e modo de estar, num estabelecer de relação à entrada da escolaridade obrigatória. São estes profissionais, num modelo monodocente que nos amparam no primeiro impacto com o ambiente e com as regras da nova escola, que nos acarinham todos os dias e que nos transmitem tranquilidade na insegurança de quem é criança.

São eles que nos ajudam a confiar em nós e a perceber que somos capazes, que nos desafiam a superar os obstáculos que sempre se cruzam no caminho, que nos suportam nos dias chatos e nos compreendem nos momentos menos bons, ficando ao nosso lado. A rir e a chorar connosco, do jeito deles, mas com tempo para nos conhecerem e ajudarem na construção do nosso eu.

A transição para o segundo ciclo

Na transição para o segundo ciclo, o contacto com os professores não é tão presente, torna-se mais esporádico. Não é tão comum encontrarmos o mesmo professor todos os dias, com tempo para nós e não somente dedicado para as matérias. Geralmente são relações mais distantes, por serem mais fugazes e menos frequentes e, por isso, nos lembramos melhor dos nossos diretores de turma, apelidados carinhosamente de DT, com quem mais tempo passávamos.

Eram eles que nos ajudavam a resolver os problemas da turma e que nos ouviam para além das respostas às perguntas das matérias. Não está em causa a sua preocupação para connosco, mas são professores tipicamente mais distantes por não terem uma relação tão próxima, exceção a professores que têm a mesma turma em mais que uma disciplina e os DT, que nos marcam e conquistam não pelo que ensinam mas pelo que são enquanto modelos e pessoas.

Os diretores de turma são figuras marcantes uma vez que ajudam na coesão e comunicação entre professores para um maior apoio a cada uma das crianças. É natural haver mudanças a todos os níveis e o diretor de turma torna-se um elo de ligação também emocional para além de pedagógico.

Os professores que marcam os alunos

Ao longo do percurso académico, os professores marcam o nosso caminho. De diferentes formas! Não só os que nos dizem coisas boas, coisas positivas e reforçadoras, mas também os que nos criticam e nos fazem pensar. Os professores de referência são aqueles que nos ajudam a ser melhores, não apenas os que nos ensinam bem a matéria. É na relação que se perceciona o desempenho dos docentes.

E é também nessa que se relembram as figuras de referência. São os professores que sentem o que dizem, em que o seu verbal e postura são coincidentes, que marcam as crianças no seu dia a dia. São os professores, na escola, que conquistam, muitas vezes, o modelo mais importante depois do modelo familiar tendo grande impacto no crescimento enquanto crianças, pré-adolescentes e jovens adultos.

Se pensar nos seus melhores professores, é provável que se lembre melhor do que eles eram enquanto pessoas do que o que lhe ensinaram. É essa a diferença para quem nos marca. Os modelos que nos transmitem pelo que são e pelo que fazem e não apenas pelo que dizem.

Texto: Renato Paiva (diretor da Clínica da Educação e da Academia Wowstudy e autor do livro «O Segredo para Alcançar o Sucesso na Escola», publicado pela editora A Esfera dos Livros).» in http://lifestyle.sapo.pt/vida-e-carreira/em-foco/artigos/os-professores-ainda-sao-figuras-de-referencia?pagina=2

28/09/17

Política de Educação - O Provedor de Justiça considera que o concurso para professores do quadro este ano foi inadequado e injusto para alguns docentes, mas reconhece que a sua repetição prejudicaria o arranque do ano escolar.



«Concurso de mobilidade interna foi injusto, conclui provedor de Justiça

José de Faria e Costa dá razão às queixas dos professores, mas considera que repetição prejudicaria ano escolar.

O Provedor de Justiça considera que o concurso para professores do quadro este ano foi inadequado e injusto para alguns docentes, mas reconhece que a sua repetição prejudicaria o arranque do ano escolar.

Numa nota divulgada no site da Provedoria de Justiça, José de Faria e Costa explica, citando as queixas recebidas, que os docentes alegam que a opção de colocar a concurso -- na primeira fase -- os horários completos (22 horas de aulas por semana) resultou no "desrespeito pela ordenação concursal assente na graduação".

Como resultado, houve muitos docentes menos graduados que obtiveram colocação na primeira reserva de recrutamento em escolas que docentes mais graduados haviam escolhido preferencialmente.

Depois dos protestos dos professores, o Governo decidiu abrir no próximo ano letivo um concurso extraordinário destinado a professores dos quadros (mobilidade interna).

O procedimento vai permitir que os docentes colocados este ano a centenas de quilómetros das suas áreas de residência possam corrigir estas situações.

Na nota divulgada no site da Provedoria de Justiça, José de Faria e Costa sublinha que esta solução "traduz o reconhecimento, por parte da Administração Educativa, da inadequação dos resultados concursais".

"Só tal premissa justifica a abertura de novo concurso interno apenas um ano depois do lançado em 2017 e contrariando a periodicidade regra de quatro anos", acrescenta.

O Provedor considera que "imperativos de justiça e boa-fé" exigem que seja dado aos candidatos conhecimento atempado de todas as regras concursais e sublinha: "Nos concursos de docentes, este conhecimento assume especial importância na medida em que os candidatos são chamados a manifestar as suas escolhas quanto às escolas onde pretendem ser colocados".

Apesar da injustiça, José de Faria e Costa considera que a repetição do concurso prejudicaria o arranque do ao escolar: "As atividades letivas apenas seriam encetadas com os docentes dos quadros de escola e de agrupamento que não tivessem concorrido à mobilidade interna".

Recorda que a solução encontrada pela tutela difere a correção dos resultados para o próximo ano escolar e diz que não deixará de apreciar, no momento em que for conhecida, "a conformação, designadamente legislativa, que vier a ser conferida ao próximo concurso de mobilidade interna, com vista a garantir a ponderação dos diversos interesses em presença".» in https://www.dn.pt/lusa/interior/concurso-de-mobilidade-interna-foi-injusto-mas-repeticao-prejudicaria-ano-escolar---provedor-8801156.html

27/09/17

Política de Educação - A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) realizou um estudo no qual avalia a qualidade dos recreios escolares, tendo concluído que que não têm espaço nem zonas verdes suficientes.



«'Recreios das escolas têm sido transformados em prisões'

“O jardim-escola já não é jardim e os recreios das escolas têm sido transformados em pátios inertes e acéticos, qual presídio”

A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) realizou um estudo no qual avalia a qualidade dos recreios escolares, tendo concluído que não têm espaço nem zonas verdes suficientes.

“O jardim-escola já não é jardim e os recreios das escolas têm sido transformados em pátios inertes e acéticos, qual presídio”, alertou o investigador da UTAD, Frederico Meireles, no comunicado de apresentação do estudo.

Para o também arquiteto paisagista “os recintos escolares não são providos de espaço suficiente, nem tão pouco de diversidade de elementos”.

“Os ambientes de brincadeira e de estudo estão mais próximos e contidos do que nunca e a variedade de estímulos no ambiente natural está a ser substituída por outros, de natureza digital, limitando as oportunidades para a atividade física”, acrescentou Frederico Meireles.

O estudo revelou ainda que as escolas apresentam “índices baixos de espaços verdes por criança, têm uma elevada exposição solar durante o período quente e uma quase total inexistência de elementos que promovam o conforto bioclimático no recreio”.

Frederico Meireles sublinhou também o paradoxo na decisão do Governo em aumentar o tempo de intervalo no primeiro ciclo, quando depois os recreios existentes não estão dotados das características necessárias para fomentar as aptidões letivas e lúdicas das crianças.

“Os próprios projetos de requalificação das escolas vêm descurando a importância do espaço exterior na educação social, estética e ecológica”, afirmou.» in https://ionline.sapo.pt/581814

04/07/17

Política de Educação - Há escolas que estão a passar de ano de escolaridade alunos do básico com mais de quatro negativas, sabe o i.



«Escolas estão a passar alunos com quatro e cinco negativas

Escolas seguem orientações da tutela e há alunos a passar de ano tendo negativa a metade das disciplinas. Há diretores a fazer pressão sobre os professores para subirem as notas nos conselhos de turma, reuniões de avaliação.

Há escolas que estão a passar de ano de escolaridade alunos do básico com mais de quatro negativas, sabe o i. No secundário há ainda outras escolas que estão a fazer pressão junto dos professores para que subam as notas negativas dos alunos de forma a que se possam inscrever no ano seguinte, sem deixarem disciplinas em atraso.

Desta forma, os alunos do 5.o ano de escolaridade, por exemplo, que têm nove disciplinas, estão a passar de ano tendo metade das disciplinas com nota negativa – cenário que resulta de orientações dadas pelo ministério e do que está previsto na lei desenhada pelo gabinete de Tiago Brandão Rodrigues, indicando que o chumbo deve ser aplicado de forma “excecional”.

A grande maioria das escolas estão a passar os alunos com quatro negativas, denunciaram ao i vários professores e diretores de norte a sul do país, mas há casos em que os alunos transitam de ano com mais de quatro negativas. Há casos de cinco ou seis notas negativas. Nestas escolas, “independentemente do número de negativas dos alunos”, o conselho de turma – órgão máximo de avaliação dos alunos – “decide pela transição considerando que o aluno pode recuperar os conhecimentos e as competências não desenvolvidas em anos futuros”, denunciou ao i um professor.

“Regresso ao facilitismo”

No geral, a regra em vigor é “passar os alunos e reter apenas situações por extrema falta de assiduidade e casos de abandono escolar”, garantiu ao i um outro professor. São as chamadas passagens administrativas.

E caso os docentes, em conselho de turma, não subam as notas aos alunos de forma a que transitem de ano, há diretores que estão a repetir as reuniões de avaliação exercendo pressão junto dos professores. O i sabe de escolas da Margem Sul onde estão a ser repetidas várias reuniões. Num estabelecimento escolar do distrito de Setúbal foram, até ao momento, repetidas 16 reuniões de conselho de turma de anos do básico e secundário, com a diretora a dar instruções expressas aos professores para que tenham como patamar mínimo 8 valores de nota a atribuir aos seus alunos – neste caso, secundário.

“É o regresso ao facilitismo” já anteriormente aplicado durante o governo de José Sócrates, constataram ao i os diretores e professores ouvidos.

No ano passado, de forma menos generalizada, já houve escolas onde os alunos transitaram de ano escolar com sete notas negativas, como é o caso do agrupamento Poeta Joaquim Serra, no Montijo.

Também no ano letivo 2008/2009, durante a tutela de Maria de Lurdes Rodrigues, ministra do PS, foram noticiados vários casos de alunos que passaram de ano com nove notas negativas.

Ao i, os pais tecem críticas a estas orientações do ministério, frisando que “progredir sem saber não é bom para ninguém”. O presidente da Confap, Jorge Ascensão, avisa que aos pais interessa “pouco os indicadores que dizem que temos uma taxa de retenção muito baixa” que, em seu entender, não passam de “cosmética”. Os pais estão, sim, “mais preocupados em ver a taxa de conhecimento de competências dos jovens mais alta”.

Orientações dadas pelo Ministério da Educação

Este é o resultado das orientações dadas pelo Ministério da Educação aos diretores para que considerem o “chumbo” apenas com caráter “excecional” nos anos escolares intermédios (2.o, 3.o, 5.o, 7.o, 8.o, 10.o e 11.o anos de escolaridade) – orientações que tanto o ministro da Educação como o secretário de Estado, confrontados no parlamento, já garantiram ser “falsas”, mas que o i sabe têm vindo a ser dadas de forma verbal em reuniões e que ganharam força legal através de um despacho normativo, o 1-F/2016.

Nesse despacho, com data de 5 de abril de 2016, lê-se no artigo 21.o, que regula os princípios da avaliação das aprendizagens dos alunos, que “a decisão de transição para o ano de escolaridade seguinte reveste caráter pedagógico, sendo a retenção considerada excecional”.

Também na semana passada, o governo reuniu com todas as escolas públicas em Matosinhos para debater o Programa Nacional de Promoção do Sucesso Escolar, onde foi “reiterado” na mensagem passada aos diretores que “a regra é a transição” – orientação que já tinha sido dada aos diretores, no início do ano letivo, via telefone e durante reuniões.

Note-se que, apesar de ter negado ter dado as instruções às escolas, o ministro da Educação já assumiu, a 8 de novembro de 2016, no parlamento, que considera os chumbos “ineficazes, caros, punitivos e segregadores”, e que, “como é óbvio, devem ser mesmo excecionais” porque, sustenta, “o chumbo não é algo rentável para o sistema educativo”.

Com a aplicação destas regras, neste momento, “não há um regime nacional” definido para o chumbo dos alunos. Ou seja, há casos de alunos, por exemplo, com cinco negativas que numa escola passariam de ano, e noutra não.

Sucesso escolar

A redução da taxa de retenção, através das passagens administrativas, é um dos resultados que o Ministério da Educação pretende conseguir com o Programa Nacional de Promoção do Sucesso Escolar (PNPSE), que foi desenhado pela tutela para o “combate ao insucesso escolar num quadro de valorização da igualdade de oportunidades e do aumento da eficiência e qualidade das instituições públicas”.

Com este programa, o Ministério da Educação impôs às escolas uma revisão das suas metas e regras de transição dos alunos para os próximos dois anos letivos.

José Verdasca – ex-diretor regional de Educação do Alentejo durante a tutela de Maria de Lurdes Rodrigues (entre 2005 e 2011) –, a quem cabe a coordenação do PNPSE, foi claro nas orientações transmitidas às escolas. Cada um dos estabelecimentos de ensino tinha de definir quatro a cinco medidas que resultassem num “expetável”, lê-se no documento, “impacto nas taxas de sucesso face ao histórico de partida em cada um dos anos de escolaridade”.

Verdasca deu mesmo exemplos: se a taxa média de sucesso de uma escola “num determinado ciclo de escolaridade é de 88%, o compromisso a dois anos será atingir uma taxa de sucesso de pelo menos 91% e, a quatro anos, de pelo menos 94%”.

Questionado pelo i, o Ministério da Educação diz que “a decisão de retenção ou não retenção é sempre uma decisão de cada conselho de turma”, assumindo que as aprendizagens são desenvolvidas “ao longo de um ciclo, pelo que as escolas têm autonomia para avaliar a capacidade de recuperação dos alunos e os custos e benefícios da repetição de várias disciplinas em que houve sucesso”.» in https://ionline.sapo.pt/570661

21/06/17

Política Educativa - Áudio circula nas redes sociais e já está a ser investigada pelo Ministério Público.



«“Se isto não sair, não tenho nada a ver com isto, ok?”: Esta é a ‘áudio-cábula’ do exame de Português B

"É só estudar Alberto Caeiro e contos e poesia do século XX (...) e uma composição sobre a importância da memória". 

Áudio circula nas redes sociais e já está a ser investigada pelo Ministério Público.» in http://www.jornaleconomico.sapo.pt/noticias/se-isto-nao-sair-nao-tenho-nada-a-ver-com-isto-ok-esta-e-a-audio-cabula-do-exame-de-portugues-b-174084


(Vídeo sobre o assunto em questão)

20/10/16

Política de Educação - Estão à venda na Internet, por 150 euros, diplomas de conclusão do 12º ano; um homem colocou-os à venda num portal de emprego, dizendo que são idênticos aos que são emitidos pelas escolas.



«Diplomas do 12º ano à venda na Internet

Situação já foi questionada pelo partido 'Os Verdes'.

Estão à venda na Internet, por 150 euros, diplomas de conclusão do 12º ano. Um homem colocou-os à venda num portal de emprego, dizendo que são idênticos aos que são emitidos pelas escolas.

De acordo com o Jornal de Notícias, o Partido Ecologista ‘Os Verdes’ já questionou o Governo sobre este assunto, tendo sido enviado um pedido de esclarecimento ao ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues.

Segundo o jornal Correio da Manhã, já tinha sido detetado uma situação semelhante em 2010 – o Ministério Público abriu uma investigação, mas os resultados nunca foram divulgados.» in http://sol.sapo.pt/artigo/528213/diplomas-do-12-ano-a-venda-na-internet  

17/05/15

Política de Educação - O presidente do Conselho Científico do Instituto de Avaliação Educativa defende menos carga horária para professores.



«"Os professores têm sido sobrecarregados para além do razoável"

O presidente do Conselho Científico do Instituto de Avaliação Educativa defende menos carga horária para professores.

João Paulo Leal, presidente do IAVE, defendeu hoje, em Coimbra, a necessidade de os professores terem mais disponibilidade para as tarefas diretamente relacionadas com o ensino.

"Nos últimos anos, os professores têm sido sobrecarregados para além do razoável" com muitas tarefas e "devíamos fazer com que tivessem mais disponibilidade", sustentou João Paulo Leal, que falava numa conferência/debate sobre exames nacionais, promovida no âmbito de um estudo sobre exames nacionais em Portugal e em 12 outros países, que a Universidade de Coimbra (UC) está a desenvolver.

Com "menos carga horária e menos funções burocráticas", os docentes teriam mais disponibilidade para o acompanhamento dos alunos e isso traduzir-se-ia num "grande ganho a prazo", acredita o presidente do Conselho Científico do IAVE.

Além disso, seria igualmente necessário investir na educação pré-escolar e, sobretudo, no primeiro ciclo, pois "é aí que se constroem os alicerces" da aprendizagem, afirmou João Paulo Leal, considerando que, simultaneamente, deveria ser dada "muita importância à formação de professores" e aos meios a afetar, de modo a permitir que este nível de escolaridade dispusesse dos docentes necessários e dos melhores professores.

"Um dos maiores investimentos deveria ser feito no primeiro ciclo" e esse seria "um dos investimentos mais rentáveis", sintetizou.

Do mesmo modo, e num raciocínio de algum modo paralelo, também deveriam ser escolhidos "os melhores professores para dar aulas no primeiro ano na Universidade", advogou.

Questionado pelos jornalistas, à margem da sessão, João Paulo Leal disse julgar que "as escolas, no geral, estão preparadas, para fazerem, este ano, os exames nos 4.º e 6.º anos de escolaridade, "mas só elas o poderão dizer" e, além disso, não dispõe de "dados e lhe permitam dizer se realmente estão ou não preparadas", ressalvou.

"O apoio dos pais aos alunos é fundamental para o seu sucesso [escolar]", alertou, por outro lado o presidente do Conselho Científico IAVE, sublinhando que "as melhorias introduzidas no ensino [em Portugal] a partir de 1974" só revelaram resultados (positivos) na primeira década deste século, isto é, uma geração depois da sua aplicação, cujos reflexos também resultaram, em grande medida, da formação escolar dada aos pais, às famílias dos alunos mais recentes.

"Qualquer medida de educação só tem resultados, não ao fim de três, cinco ou dez anos, mas de ao fim de uma geração (20/25 anos)", sustentou.

Mas João Paulo Leal acredita que "se se investisse no primeiro ciclo, talvez se obtivessem resultados visíveis logo ao fim de cinco/seis anos".

A conferência de hoje, no Edifício das Matemáticas, no Polo I da UC, foi a segunda sessão de um "debate público, sem preconceitos, sobre os exames nacionais", que a UC está a promover, no âmbito primeiro estudo sobre os exames em Portugal, designado "Comparação dos exames nacionais em Portugal com os de 12 outros países".

O grande objetivo deste estudo é "confrontar o sistema português com as suas debilidades em função das experiências de outros países", afirmou Jaime Carvalho e Silva, coordenador da investigação e especialista em ensino de matemática e docente da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC.

Financiado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, esta investigação sobre exames nacionais em Portugal e em 12 outros países envolve uma equipa multidisciplinar da UC e vários professores do ensino básico e secundário.» in http://economico.sapo.pt/noticias/os-professores-tem-sido-sobrecarregados-para-alem-do-razoavel_218584.html

23/04/09

Política de Educação - Pedro Abrunhosa: "Sócrates e o meu Avô"!

«PEDRO ABRUNHOSA, ESCREVEU!!! Meditem, PROFESSORES!!!

Sócrates e o meu Avô

(...)

A contínua hostilização aos professores feita por este, e outros governos, vai acabar por levar cada vez mais pais a recorrer ao privado, mais caro e nem sempre tão bem equipado, mas com uma estabilidade garantida ao nível da conflitualidade 
laboral. O problema é que esta tendência neoliberal escamoteada da privatização do bem público, leva a uma abdicação por parte do estado do seu papel moderador entre, precisamente, essa conflitualidade laboral latente, transversal à atividade humana, a desmotivação de uma classe fundamental na construção de princípios e valores, e a formação pura e dura, desafetada de interesses particulares, de gerações articuladas no equilíbrio entre o saber e o ter. O trabalho dos professores, desde há muito, vem sendo desacreditado pelas sucessivas tutelas, numa incompreensível espiral de má gestão que levará um dia a que os docentes sejam apenas administradores de horários e reprodutores de programas impostos cegamente.

(...)

O que eu gostaria de dizer é que o meu avô, pai do meu pai, era um modesto, mas, segundo rezam as histórias que cruzam gerações, muito bom professor e, sobretudo, um ser humano dotado de rara paciência e bonomia. Lecionava na província, nos anos 30 e 40, tarefa que não deveria ser fácil à altura: Salazar nunca considerou a educação uma prioridade e, muito menos, uma mais-valia, fora dos eixo Estoril-Lisboa, pelo que, para pessoas como o meu avô, dar aulas deveria ser algo entre o místico e o militante. Pois nessa altura, em que os poucos alunos caminhavam uma, duas horas, descalços, chovesse ou nevasse, para assistir às aulas na vila mais próxima, em que o material escolar era uma lousa e um pedaço de giz eternamente gasto, o meu avô retirava-se com toda a turma para o monte onde, entre o tojo e rosmaninho, lhes ensinava a posição dos astros, o movimento da terra, a forma variada das folhas, flores e árvores, a sagacidade da raposa ou a rapidez do lagarto. Tudo isto entrecortado por Camões, Eça e Aquilino. Hoje, chamaríamos a isto 'aula de campo'. E se as houvesse ainda, não sei a que alínea na avaliação docente corresponderia esta inusitada atividade. O meu avô nunca foi avaliado como deveria. Senão deveria pertencer ao escalão 18 da função pública, o máximo, claro, como aquele senhor Armando Vara que se reformou da CGD 
e não consta que tivesse tido anos de 'trabalho de campo'. E o problema é que esta falta de seriedade do estado-novo no reconhecimento daqueles que sustentaram Portugal, é uma história que se repete interminavelmente até que alguém ponha cobro nas urnas a tais abusos de autoridade. Perante José Sócrates somos todos um número: as polícias as multas que passam, os magistrados os processos que aviam, os professores as notas que dão e os alunos que passam. Os critérios de qualidade foram ultrapassados pelas estatísticas que interessa exibir em missas onde o primeiro-ministro debita e o poviléu absorve.

(...)»

PEDRO ABRUNHOSA - "Fantasmas" - (Music Video - 2007)


"Quem Me Leva Os Meus Fantasmas
Canção de Pedro Abrunhosa

Aquele era o tempo
Em que as mãos se fechavam
E nas noites brilhantes as palavras voavam,
Eu via que o céu me nascia dos dedos
E a Ursa Maior eram ferros acesos.
Marinheiros perdidos em portos distantes,
Em bares escondidos,
Em sonhos gigantes.
E a cidade vazia,
Da cor do asfalto,
E alguém me pedia que cantasse mais alto.
Quem me leva os meus fantasmas,
Quem me salva desta espada,
Quem me diz onde é a estrada?
Aquele era o tempo
Em que as sombras se abriam,
Em que homens negavam
O que outros erguiam.
E eu bebia da vida em goles pequenos,
Tropeçava no riso, abraçava venenos.
De costas voltadas não se vê o futuro
Nem o rumo da bala
Nem a falha no muro.
E alguém me gritava
Com voz de profeta
Que o caminho se faz
Entre o alvo e a seta.
Quem leva os meus fantasmas,
Quem me salva desta espada,
Quem me diz onde é a estrada?
De que serve ter o mapa
Se o fim está traçado,
De que serve a terra à vista
Se o barco está parado,
De que serve ter a chave
Se a porta está aberta,
De que servem as palavras
Se a casa está deserta?
Quem me leva os meus fantasmas,
Quem me salva desta espada,
Quem me diz onde é a estrada?"


08/06/08

Educação em Portugal - Dr. Valter Neves, se não fosse dramático, até teria alguma piada!

«Meta do ministério recebida com gargalhada dos professores
ANA BELA FERREIRA

Educação. Reforma do ensino especial discutida ontem perante 1700 profissionais da área.

Secretário de Estado aponta 2013 como ano de conclusão da reforma.

"Em 2013 teremos em Portugal uma escola verdadeiramente inclusiva." A afirmação foi proferida pelo secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, e desencadeou uma onda de risos na plateia, maioritariamente constituída por professores, que ontem assistiam a um encontro internacional sobre educação especial, em Lisboa. Na sala estavam 1700 especialistas, professores e técnicos portugueses e estrangeiros desta área.

Já depois de terminada a sua intervenção, Valter Lemos disse perceber "perfeitamente a reacção dos professores". Este foi, para o secretário de Estado, um sinal de incredulidade "normal, num país que se habituou a não ser consistente nas opções que faz". "O País habituou-se a não perseguir, de forma consistente, aquilo que são os seus objectivos", criticou Valter Lemos.
Na sua intervenção, o governante assegurou que todas as crianças com necessidades educativas especiais terão apoios. O responsável lembrou a reforma que está a ser feita nessa área, com medidas como a criação de quadros de educação especial nos agrupamentos e de estruturas de referência.
Falou também da classificação internacional de funcionalidade (CIF) que vai ser utilizada na sinalização de crianças e jovens com necessidades educativas especiais e que tanta polémica tem gerado.

Uma das principais vozes da contestação é da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), que na sexta-feira anunciou a estimativa de que cerca de 60% dos alunos com necessidades especiais vão deixar de ter apoio no próximo ano lectivo. Uma consequência desta reforma da educação especial. Mas, segundo o novo sistema, vão funcionar nas escolas, a partir do próximo ano lectivo, 357 unidades especializadas em autismo e multideficiência, mais 102 que este ano. O aumento vai apoiar mais 490 alunos com necessidades educativas especiais.» in http://dn.sapo.pt/2008/06/08/sociedade/meta_ministerio_recebida_gargalhada_.html
-------------------------------------------------------------------------------------------------
O Dr. Valter Lemos, tal como a sua Ministra e o seu Primeiro Ministro, vivem num mundo de faz de conta, em que se podem fechar todas as escolas, hospitais, tribunais, etc., de forma a conseguir atingir o seu único objectivo pré-definido, o controlo orçamental. Se não fosse triste para milhares de crianças com N.E.E. que agora passaram a ser C.I.F., esta afirmação do senhor secretário da educação, até teria contornos de humor refinado... mas não, a realidade do país é que vão reduzir o quadro de pessoal docente e auxiliar das CERCI's, que tão bons serviços têm prestado ao país e às crianças com Necessidades Educativas Especiais. Com o C.I.F. vão criar uma inclusão virtual, numa Escola pública com cada vez menos pessoal especializado, para lidar com crianças diferentes, vão colocá-los em turmas de trinta alunos e vão querer sucesso e avaliar os professores a partir do seu sucesso forçado! Acordemos estes senhores, para o país real!


17/09/07

Política de Educação - Boas dicas para o arranque dum ano letivo!



«Círculo Aberto - Dicas para um bom ano letivo

É sempre redutor querer enunciar telegraficamente as dicas para um bom ano letivo. Há tantas variáveis internas e externas que o condicionam! E, no entanto, arriscamos o alinhavar de algumas regras quase comuns.

Definir, explicar, justificar as regras do jogo educativo. A pontualidade, a assiduidade, a justificação de faltas, a tipologia de faltas aceitáveis, o não uso do telemóvel ou outro dispositivo de comunicação durante as aulas, as posturas, os comportamentos rotineiros desejáveis, a realização do TPC… são algumas das regras que o Diretor de Turma (e os demais professores) devem explicitar logo na primeira aula.

Clarificar os critérios de avaliação. Isto é, cada professor deve, logo na primeira aula, referenciar o que é que conta (e como conta) para a avaliação, que pesos vão ter os diversos componentes, que instrumentos vão ser usados.

Fazer a profissão de fé na capacidade de aprendizagem de todos os alunos. Isto é, clarificar as expectativas, afirmar que, de diferentes modos e tempos e com graus variáveis de proficiência, todos serão capazes de aprender. Mas que para isso vai ser necessário querer, persistir, trabalhar.

Enunciar o programa de trabalho, os métodos de estudo recomendáveis, os suportes necessários à aprendizagem, a diversidade de fontes a que poderão recorrer, os princípios básicos da pesquisa e da apresentação de trabalhos. Fazer ver que aprender pode ser uma (a)ventura que não dispensa a perseverança, o método e a vontade. Mostrar que o professor é um amigo exigente e dialogante. Mas que não pactua com a indisciplina, a arrogância, o laxismo e o deixa-andar.

Tudo simples, tudo óbvio. Mas que pode marcar a diferença ao longo do ano letivo.» in Correio da Educação.
----------------------------------------------------------------------------------
Considero que estas achegas, embora não tragam nada de novo, relativamente a algumas estratégias a seguir no início de um novo ano letivo, são sempre importantes, na medida em que, o facto de as relembrarmos, levará a que não nos esqueçamos de as colocar em prática. Daí o carácter utilitário deste excelente artigo do Dr. José Maria Alves, que pode ser usado como um oportuno lembrete, que os docentes não se devem esquecer de destacar nas primeiras aulas.


#professor
Pin It button on image hover