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07/10/22

História e Arqueologia - Uma estátua clássica de Hércules com 2000 mil anos, da altura do Império Romano, foi encontrada no meio das ruínas da antiga cidade grega de Philippi.


«Estátua incrível de Hércules com 2000 anos descoberta em ruínas na Grécia

A estátua foi descoberta na cidade de Philippi e é datada do Império Romano. A escultura foi usada para adornar uma fonte e continuava presente nos edifícios públicos séculos depois da queda do Império Romano.

Uma estátua clássica de Hércules com 2000 mil anos, da altura do Império Romano, foi encontrada no meio das ruínas da antiga cidade grega de Philippi. O anúncio foi feito pelo Ministério da Cultura e do Desporto da Grécia.

Estranhamente, a estátua é algumas centenas de anos mais antiga do que as próprias ruínas onde foi encontrada, o que sugere que os artefactos romanos eram usados na decoração dos edifícios públicos muito depois da queda do Império.

A equipa de arqueólogos concluiu as escavações em meados de Setembro. Para além da estátua de Hércules, o trabalho também revelou uma estrutura com vários ornamentos que os cientistas acreditam ser uma fonte que a estátua teria adornado.

A cidade de Philippi foi uma grande metrópole, mas acabou por ser abandonada no século XIV, quando os bizantinos caíram perante o Império Otomano. A estátua incrivelmente bem-preservada de Hércules foi descoberta durante escavações a um edifício com vista para uma grande praça, que se acredita que terá sido construído nos séculos VIII ou IX, quando Philippi fazia parte do Império Bizantino.

Reza a lenda que Hércules, o filho de Zeus, completou os Doze Trabalhos como um castigo por ter matado os seus próprios filhos num momento de raiva. O primeiro destes desafios supostamente impossíveis foi matar o Leão de Nemeia, que tinha um pelo dourado que o protegia de todas as lanças, espadas ou setas.

Hércules simplesmente estrangulou o leão, sendo muitas rezes retratado a segurar as peles do animais em pinturas ou esculturas. A estátua descoberta agora não é uma exceção, já que retrata Hércules a segurar o corpo do leão morto numa mão e o seu famoso bastão na outra, relata o IFLScience.

Philippi tem sido escavada várias vezes nos últimos anos e estão agendados mais trabalhos para 2023. A cidade foi declarada património da UNESCO em 2016.

ZAP //» in https://zap.aeiou.pt/estatua-hercules-2000-anos-grecia-501482

(2,000-Year-Old Sculpture of Hercules Was Unearthed in an Ancient Greek City)

#história    #arqueologia    #grécia    #philippi    #hércules

26/09/22

História e Arqueologia - Os arqueólogos encontraram dezenas de peças de cerâmica intactas datadas do reinado do faraó egípcio Ramessés II e suspeitam que a caverna era usada para rituais fúnebres.


«“Como um filme do Indiana Jones”. Descoberta caverna com 3300 anos “congelada no tempo” em Israel

Os arqueólogos encontraram dezenas de peças de cerâmica intactas datadas do reinado do faraó egípcio Ramessés II e suspeitam que a caverna era usada para rituais fúnebres.

É a descoberta de uma vida. Uma equipa de arqueólogos em Israel, perto de uma praia no sul de Tel Aviv, encontrou uma caverna “excepcional” esta terça-feira que foi fechada há 3300 anos para ser protegida dos olhares mais curiosos.

A caverna remota ao período dos antigos egípcios, durante o reinado do faraó Ramessés II, que governou entre 1279 e 1213 A.C. num território que se estendeu desde o Sudão até à Síria.

A descoberta foi feita por trabalhadores de construção com uma escavadora que acidentalmente irromperam pelo telhado da caverna. Foram depois chamados arqueólogos ao local que notaram que a caverna parecia estar “congelada no tempo”, com relíquias de bronze e cerâmica intactas. Estes objetos costumavam ser usados cerimónias fúnebres devido às crenças de que ajudavam os mortos no além.

Num comunicado, a Autoridade de Antiguidades de Israel (AAI) relata que foram encontradas dezenas de vasos de cerâmica, cálices, panelas, jarras e lanternas. Alguns dos artefactos não eram locais e tinham sido fabricados na Síria, Líbano e Chipre. A equipa vai analisar quaisquer vestígios orgânicos que possam existir nos vasos para tentar descobrir o que estes guardavam, escreve o Live Science.

“Esta é uma descoberta de uma vida. É extremamente raro encontrar um cenário de um filme de Indiana Jones — uma caverna com vasos intactos durante 3300 anos, desde o fim da Idade de Bronze”, revela Eli Yannai, arqueólogo da AAI.

Apesar de ter estado escondida e protegida durante todo este tempo, desde a sua descoberta, a caverna já terá sido assaltada, estando já a decorrer uma investigação para se tentar identificar quem são os invasores.

Há agora planos para uma escavação arqueológica e dezenas de académicos e especialistas de todo o mundo já manifestaram o seu interesse em integrar a equipa. Os cientistas pretendem descobrir mais informações sobre como funcionavam os rituais fúnebres do antigo Egipto.

Adriana Peixoto, ZAP //» in https://zap.aeiou.pt/caverna-3300-anos-congelada-tempo-498838

(Digger unearths archaeological treasure from a burial cave in Israel | Latest World News | WION)

#israel    #história    #arqueologia

14/09/22

História e Arqueologia - Os cientistas detetaram vestígios de leite e de trigo em vasos cerâmicos da era do Neolítico encontrados em crannógs, ilhas artificiais construídas em lagos ao largo da Escócia.



«Gosta de tomar leite com cereais? Os escoceses também — há já 5500 anos

Os cientistas detetaram vestígios de leite e de trigo em vasos cerâmicos da era do Neolítico encontrados em crannógs, ilhas artificiais construídas em lagos ao largo da Escócia.

É uma das combinações mais populares para o pequeno-almoço e está no centro de uma das questões mais debatidas na internet — afinal, deita-se primeiro o leite ou os cereais?

Talvez os escoceses sejam as pessoas qualificadas para responder a esta eterna questão, visto que, de acordo com um novo estudo publicado na Nature Communications, já se deliciam com leite com cereais desde o Neolítico.

Uma equipa de investigadores analisou os vestígios em vasos e panelas datados de há 5500 anos encontrados na Escócia e descobriu que a população criava uma papa que misturava cereais com leite. Apesar de a aveia se ter eventualmente tornado o cereal de eleição dos escoceses, no passado a preferência recaía sobre o trigo.

As primeiras provas de cultura de cereais nas ilhas britânicas datam de há 6000 anos, mas sabe-se pouco sobre quão generalizadas eram ou quais os cereais plantados. A cerâmica desta altura ainda tem resíduos de lacticínios, por isso os arqueólogos já sabiam que o leite era uma parte importante da dieta da população.

No caso das plantas, as provas do consumo são mais difíceis de se encontrar e foi para responder a este problema que os cientistas usaram a cromatografia gasosa e a espectrometria de massa de alta resolução, explica o IFLScience.

Com estes métodos, detetaram as provas mais antigas do processamento de cereais nos vasos e até conseguiram distinguir as partículas individuais de trigo. Até agora praticamente não havia provas de plantações de trigo nas ilhas escocesas no período Neolítico e estes vestígios apenas foram detetados porque o trigo foi cozinhado numa papa com leite. Outros cereais podem ter sido comidos de formas diferentes, o que torna a identificação dos seus resíduos mais complicada.

As 59 peças de cerâmica usadas no estudo são originais de crannógs, ilhas artificiais construídas em lagos, que acabaram por ser novamente inundadas pelas águas, sendo que a água as terá protegido da exposição ao oxigénio e terá ajudado à preservação dos resíduos das plantas. 16 dos exemplares tinham moléculas distintas de cereais e em oito destes havia também vestígios de gordura de leite.

Não se sabe ao certo em que altura é que esta receita de leite com cereais era consumida, mas podemos sempre imaginar que já era um dos pequenos-almoços prediletos da população do Neolítico.

Adriana Peixoto, ZAP //» in https://zap.aeiou.pt/leite-cereais-escoceses-5500-anos-496656

(Crannogs : des îlots artificiels écossais de plus de 5 500 ans | Actu de science)


#escócia    #história    #arqueologia    #leite    #cereais

06/09/22

História e Arqueologia - Arqueólogos desenterraram um dos maiores complexos de pedra do Neolítico Europeu perto da cidade de Huelva, no sudoeste de Espanha, antes dos planos de cultivo de abacate na região serem concretizados.


«Descoberto “Stonehenge” espanhol de 7.500 anos numa plantação de abacates

Arqueólogos desenterraram um dos maiores complexos de pedra do Neolítico Europeu perto da cidade de Huelva, no sudoeste de Espanha, antes dos planos de cultivo de abacate na região serem concretizados.

As pedras verticais mais antigas — chamadas “menires” na Europa — podem ter até 7.500 anos, sendo que todo o complexo consiste em milhares de pedras individuais espalhadas por 600 hectares, dos lados e do topo de uma pequena colina.

Algumas das maiores pedras estão sozinhas, mas outras foram colocadas e forma a construir túmulos, montes, círculos de pedra, recintos e filas lineares. A diversidade das estruturas faz parte do “puzzle” do local.

“Este padrão não é comum na Península Ibérica e é verdadeiramente único”, realçou José Antonio Linares-Catela, geoarqueólogo da Universidade de Huelva e autor principal de um novo estudo publicado no Trabajos de Historia.

O sítio, conhecido como La Torre-La Janera, foi descoberto em 2018, mas os arqueólogos só descobriram este complexo da Nova Idade da Pedra mais recentemente, notou Linares-Catela ao Live Science.

Parece agora que as funções dos monumentos neolíticos eram tão variadas como a sua construção. “Territorial, ritual, astronómico, funerário… é um mega-sítio da recente pré-história do sul da Península Ibérica”, refere o investigador. O local era um “santuário megalítico de homenagem, culto e memória aos antepassados”

Monumentos megalíticos

O proprietário, um agricultor, pretendia ter uma plantação de abacate no local, perto da fronteira de Portugal, a cerca de 80 quilómetros a noroeste de Huelva.

No entanto, havia rumores locais de que existiam menires na colina, não tendo portanto sido uma surpresa completa quando um levantamento arqueológico inicial em 2018 confirmou que havia lá várias pedras.

Um estudo mais completo em 2020 e 2021 revelou a importância do local, e as universidades de Huelva e Alcalá estão agora a financiar uma investigação arqueológica até pelo menos 2026, afirmou Linares-Catela.

O povo neolítico construiu o complexo numa colina não muito longe da foz do rio Guadiana e do Oceano Atlântico, com boa visibilidade sobre o território circundante.

Até agora, os arqueólogos encontraram mais de 520 pedras no local, e algumas das primeiras podem ter sido lá colocadas na segunda metade do sexto milénio a.C. (há cerca de 7.500 anos), enquanto as últimas estruturas neolíticas foram construídas no segundo milénio a.C. (há 3.000 a 4.000 anos), notou o investigador.

Ainda não foram encontrados quaisquer restos humanos no local. “Não efetuámos extensas escavações dos túmulos”, acrescentou Linares. Embora essas estruturas tenham provavelmente contido restos de esqueletos em algum momento, os ossos podem não ter sido preservados no solo ácido.

Pedras em pé e outros monumentos neolíticos — conhecidos como “megalíticos”, das antigas palavras gregas para “pedra gigante” — podem ser encontrados por toda a Europa, desde a Suécia até ao Mediterrâneo. Muitos dos locais megalíticos foram também encontrados em Espanha, incluindo na região perto de La Torre-La Janera.

Alguns dos mais famosos, como o Stonehenge, são encontrados na Grã-Bretanha, mas estruturas “megalíticas” ainda maiores são encontradas noutros locais — como no Carnac, na região francesa da Bretanha, onde há mais de 10.000 menires.

Alice Carqueja, ZAP //» in https://zap.aeiou.pt/descoberto-stonehenge-espanhol-de-7-500-anos-numa-plantacao-de-abacates-496393

#espanha    #huelva    #historia    #arqueologia

02/09/22

História Arqueologia - Ao olharmos para as pirâmides de Gizé é difícil imaginar a forma como foram construídas.


«Rio Nilo pode ter a resposta para o mistério das pirâmides do Egito

Ao olharmos para as pirâmides de Gizé é difícil imaginar a forma como foram construídas. Concebidas para honrar os mortos e transportá-los para o além, foram erguidas há cerca de 4.500 anos sem tecnologia moderna e com uma precisão espantosa.

Num novo estudo, publicado recentemente na PNAS, um grupo de investigadores sugeriu que foram as condições ambientais favoráveis da altura que permitiram a construção das pirâmides. A investigação apontou para com um antigo braço do rio Nilo, que servia de canal para o transporte de mercadorias.

“Para edificar as pirâmides, túmulos e templos, os antigos engenheiros egípcios tiraram partido do Nilo e das suas cheias anuais, utilizando um sistema engenhoso de canais e bacias que formavam um complexo portuário no sopé do planalto de Gizé”, escreveram no artigo os investigadores, liderados pelo o geógrafo físico Hader Sheisha, da Universidade de Aix-Marseille, em França.

Em estudos anteriores, citados pelo Science Alert, os arqueólogos já haviam sugerido que os responsáveis pela construção das pirâmides egípcias podem ter alterado cursos de água do rio Nilo para formar canais e portos e aproveitar as cheias anuais, que atuavam como um elevador hidráulico para transportar materiais.

O complexo portuário que os arqueólogos supõem ter servido as pirâmides de Khufu, Khafre e Menkaure encontra-se atualmente a mais de sete quilómetros a oeste do atual rio Nilo. As enseadas também tinham de ser suficientemente profundas para manter as barcaças carregadas de pedras a flutuar.

As perfurações realizadas em Gizé revelaram provas estratigráficas de camadas rochosas que são consistentes com um antigo ramo do Nilo que se estende em direção à base das pirâmides.

Na altura em que estavam a ser construídas, o norte do Egito sofria com as cheias repentinas, que assolavam repetidamente Heit el-Ghurab – a Cidade Perdida das Pirâmides -, na qual residiam trabalhadores sazonais.

Neste estudo, os investigadores analisaram grãos de pólen para obter informações sobre o sistema fluvial daquele tempo. Os grãos de pólen podem ser preservados em sedimentos antigos e têm sido utilizados para reconstruir climas e paisagens do passado que hoje em dia têm um aspeto muito diferente.

Extraindo grãos de pólen de cinco núcleos a leste do complexo de pirâmides, a equipa identificou uma abundância de plantas com flores semelhantes às que se encontram nas margens do rio Nilo e outras que crescem em ambientes de lagos. Essas descobertas revelaram a presença de uma massa de água permanente.

De seguida, a equipa traçou a subida e descida dos níveis de água no ramo Khufu do rio Nilo ao longo de 8 mil anos de história da dinastia egípcia, relacionando os seus resultados com outros registos históricos.

“O ramo de Khufu permaneceu com um nível de água elevado durante os reinados de Khufu, Khafre e Menkaure, facilitando o transporte de materiais de construção para o complexo da pirâmide de Gizé”, disseram os investigadores.

Mas após o reinado do rei Tutankhamun, que ascendeu entre 1349 e 1338 a.C., o ramo Khufu do Nilo diminuiu gradualmente até atingir os níveis mais baixos. Essa queda vai ao encontro dos resultados obtidos na análise dos marcadores químicos presentes nos dentes e nos ossos das múmias egípcias, referiu o Science Alert.

Como em todos os estudos arqueológicos, os intervalos cronológicos de datas podem variar muito. Assim, os investigadores sugerem que os resultados obtidos neste estudo sejam vistos com cautela.

Taísa Pagno //» in https://zap.aeiou.pt/rio-nilo-pode-ter-a-resposta-para-o-misterio-das-piramides-do-egito-495789

#história    #arqueologia    #egipto    #pirâmidesdegizé

01/09/22

História e Arqueologia - Uma equipa de arqueólogos descobriu, na Roménia, um tesouro que continha vários anéis de ouro que uma mulher usava no cabelo há 6.500 anos.


«Arqueólogos descobrem caixa de jóias com 6.500 anos de uma mulher riquíssima

Uma equipa de arqueólogos descobriu, na Roménia, um tesouro que continha vários anéis de ouro que uma mulher usava no cabelo há 6.500 anos.

Além dos 169 anéis, os investigadores encontraram 800 contas de madrepérola e uma pulseira de cobre ornamentada.

O diretor do Museu Ţării Crişurilor, Gabriel Moisa, diz que as jóias foram encontradas dentro da sepultura de uma mulher “extremamente rica”.

“É uma descoberta fenomenal. Tal tesouro já não existe na Europa Central e Oriental. É algo muito estranho, porque o ouro acabara de ser descoberto, no Eneolítico. Parece que era o túmulo de uma mulher, extremamente rica. Não sabemos quem ela era, aqui em Sîntandrei. Faremos outra apresentação do tesouro, quando estiver tudo pronto”, disse Gabriel Moisa à agência de notícias romena AGERPRES.

Parte dos anéis de ouro e das contas foram expostas numa vitrine durante a conferência de imprensa.

“Queremos descobrir a que tipo de cultura a pessoa pertencia e também se os anéis eram feitos de ouro do arquipélago da Transilvânia”, acrescentou Moisa.

Os arqueólogos sabem que se tratava dos restos mortais de uma mulher, não só pelo tamanho do esqueleto, mas também porque não foi enterrada com armas.

“O tesouro é uma descoberta sensacional para a época, considerando que todas as peças de ouro da Bacia dos Cárpatos somam a cerca de 150 peças. Aqui estão mais de 160 em apenas um inventário”, realçou Călin Ghemiş, arqueólogo principal do projeto.

O esqueleto, escreve a ScienceAlert, mostra que a mulher era alta e bem alimentada. As boas condições dos dentes mostram ainda que era de um elevado estrato social.

As ossadas foram agora enviadas para um laboratório no Países Baixos para realizar uma datação por carbono e testes de ADN.

Daniel Costa, ZAP //» in https://zap.aeiou.pt/caixa-joias-mulher-6-500-anos-495779

(Tesouro de antigos anéis de ouro enterrados há 6.500 anos descobertos na Romênia)

28/08/22

História e Arqueologia - Quando se pensa nos primeiros humanos, provavelmente pensa-se quase sempre em seres ainda muito parecidos com os macacos, que só conseguiam deslocar-se com quatro membros e que trepavam nas árvores.


«O primeiro humano já caminhava (e também trepava árvores)

Novo estudo deixa os investigadores “muito confiantes” em relação aos passos – literais – dados pelos primeiros exemplares da humanidade.

Quando se pensa nos primeiros humanos, provavelmente pensa-se quase sempre em seres ainda muito parecidos com os macacos, que só conseguiam deslocar-se com quatro membros e que trepavam nas árvores.

A parte de treparem as árvores é verdade. Mas, afinal, o exemplar mais antigo conhecido da humanidade já se deslocava como caminhamos hoje: só com as pernas.

O estudo publicado na revista Nature centrou-se nos restos fósseis do Sahelanthropus tchadensis. Os ossos foram desenterrados há 21 anos no Chade, em África, e pertenceriam a seres que viveram há 7 milhões de anos.

O jornal The Guardian recorda que, já na altura da descoberta, este achado foi comparado ao impacto de uma “pequena bomba nuclear” porque iria afastar-se do rumo que nos leva ao Homo sapiens.

A equipa de investigadores da Universidade de Poitiers, em França, está “muito confiante”: os Sahelanthropus tchadensis caminhavam só com os dois pés, sempre que quisessem.

A conclusão chegou depois de os especialistas terem analisado um osso da coxa e dois ossos do antebraço. O antebraço demonstrou que a espécie também escalava. Era um regime híbrido – que se pode ter prolongado durante aproximadamente 3 milhões de anos.

Foram verificadas 23 características dos fósseis que apontam para deslocação só com os pés (sempre que quisesse) e para uma uma relação mais próxima com a humanidade do que com os macacos.

“O que mostramos é que o padrão morfológico do fémur é mais semelhante ao que conhecemos em humanos, incluindo humanos fósseis, do que em macacos”, descreveu Jean-Renaud Boisserie, um dos autores do estudo.

Mas Bernard Wood, professor na Universidade George Washington (EUA), acha que este artigo é “de má qualidade”. Duvida das suas conclusões e avisa que os restos fósseis deveriam ter outro tratamento na sua análise.

Bernard Wood já realizou um estudo sobre o Sahelanthropus tchadensis e concluiu que esses seres não costumavam deslocar-se só com os pés.

“Este estudo escolhe evidências, ignora estudos recentes que apontam para conclusões diferentes das que os autores tentam defender e não explora outras interpretações funcionais igualmente, se não mais prováveis, desses fósseis”, criticou o professor.

Os Sahelanthropus tchadensis desapareceram há milhões de anos. Caso contrário, esta espécie substituiria os Homo sapiens no primeiro exemplar da linhagem, da sequência, humana que foi evoluindo até hoje.» in https://zap.aeiou.pt/primeiro-humano-caminhava-495109

(Sahelanthropus Tchadensis)

#história    #arqueologia     #sahelanthropustchadensis

07/06/22

História e Arqueologia - A inscrição, que consiste num texto grego adverte os ladrões que Yaakov (Jacob) “o Prosélito” irá amaldiçoá-los.


«Arqueólogos descobrem maldição pintada a vermelho em túmulo de Beit She’arim

Mensagem foi especificamente concebida para dissuadir os ladrões de sepulturas, apontam os especialistas.

Uma antiga maldição pintada a vermelho numa pedra foi descoberta num túmulo de Beit She’arim, representando a primeira descoberta deste género em 65 anos. A inscrição, que consiste num texto grego adverte os ladrões que Yaakov (Jacob) “o Prosélito” irá amaldiçoá-los. Yaakov viveu há cerca de 1.800 anos e ganhou o título “o Prosélito” depois de se converter ao judaísmo. Após a sua morte, com 60 anos de idade, Jacob foi enterrado numa caverna em Beit She’arim, a antiga cidade judaica e necrópole na Baixa Galileia durante o período romano.

De acordo com o Ancient Origins, a área situa-se a cerca de 100 quilómetros de Tel Aviv e é desde 2015 Património Mundial da UNESCO. Após a destruição de Jerusalém em 70 d.C, o conselho judaico do Sinédrio mudou-se para Beit She’arim e fez do território o novo centro judaico de educação e aprendizagem. De acordo com os Arqueólogos da Autoridade de Antiguidades de Israel (IAA) e da Universidade de Haifa, a inscrição foi pintada numa catacumba na necrópole de Beit She’arim que só foi descoberta no ano passado.

De acordo com um relatório publicado no Haaretz, foi Jonathan Price, professor de história antiga na Universidade de Tel Aviv, o responsável pela descoberta das duas inscrições gregas dentro da câmara mais interna de uma tumba que ainda não havia sido explorada. A maldição pintada, ou hexágono, foi escrita em grego, em tinta vermelha, numa parede perto do túmulo. Foi especificamente concebida para dissuadir os ladrões de sepulturas e diz: “Jacob, o Prosélito, promete amaldiçoar qualquer pessoa que abra esta sepultura, para que ninguém a abra”.

Os investigadores suspeitam que, devido à sua idade, 60 anos, esta foi escrita por alguém depois da morte de Jacob. Adi Erlich, do Instituto Zinman de Arqueologia da Universidade de Haifa, que dirige as escavações em Beit She’arim, explicou que as datas de inscrição são do período romano tardio ou bizantino precoce (ou seja, cerca de 390-400 d.C.). Erlich explica ainda que Jacob, ou Yaakov, o Prosélito, era provavelmente cristão.

Como tal, uma pergunta pertinente é:o que é que Jacob teve de fazer exatamente para se converter ao judaísmo? Primeiro, segundo um artigo da BBC, converter-se ao judaísmo “não é fácil” e envolve muitas mudanças sérias no estilo de vida. Após cerca de um ano de estudo do direito judaico, os convertidos não só têm de aceitar a fé judaica, como se tornam membros do povo judeu, e têm de abraçar a totalidade da história judaica, assim como cultura que cresce a partir dela.» in https://zap.aeiou.pt/arqueologos-descobrem-maldicao-pintada-a-vermelho-em-tumulo-de-beit-shearim-482693

#religiao    #maldicao    #judaismo

06/05/22

História e Arqueologia - Quando pensamos nas relações entre os sexos na Idade da Pedra, pensamos numa realidade bem mais desigual e violenta do que a dos dias de hoje.


«Descoberta de sepultura de mulher “guerreira” dá pistas sobre o papel social feminino na Idade da Pedra

A análise isotópica ao corpo da mulher vai ainda revelar mais detalhes sobre a sua origem geográfica e a dieta que tinha.

Quando pensamos nas relações entre os sexos na Idade da Pedra, pensamos numa realidade bem mais desigual e violenta do que a dos dias de hoje. Mas também existiam mulheres de armas e guerreiras no período Neolítico.

Um novo estudo publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences. debruçou-se sobre o misterioso enterro de uma mulher há 6500 anos, no norte de França. Acompanhada de pontas de flechas na sepultura, a mulher era uma guerreira na Idade da Pedra — e a sua cova dá detalhes sobre o papel feminino na sociedade.

Os investigadores investigaram covas gigantes em Fleury-sur-Orne, na Normandia. Dos 19 corpos encontrados no cemitério Neolítico, a equipa analisou o ADN de 14 e descobriu que um deles era de uma mulher, relata o Live Science.

A mulher foi enterrada com pontas flechas “simbolicamente masculinas”, algo que os autores acreditam indicar que tinha um papel social tipicamente masculino na cultura Cerny, sendo possivelmente uma guerreira. Não se sabe se só as pontas foram lá colocadas ou se as flechas a que estas pertenciam apodreceram entretanto.

“Acreditamos que estes artefactos masculinos colocam-na além da sua identidade sexual biológica. Isto insinua que a representação do sexo masculino na morte era necessário para ela ter acesso aos enterros nestas estruturas gigantes”, revela a arqueóloga Maïté Rivollat, que liderou o estudo.

A equipa ficou bastante surpreendida com a descoberta da sepultura da mulher, mas nota que é difícil prever que tipo de vida ou estatuto social é que esta tinha, mas é provável que sejam conhecidos mais detalhes depois de ser feita uma análise isotópica, que vai revelar informações sobre a sua dieta e origem geográfica.

Desde 2014 que o cemitério tem sido alvo de grandes escavações que cobrem 24 hectares. Já foram descobertos vários monumentos Neolíticos monumentos, incluindo a cova mais comprida alguma vez encontrada na Europa, com mais de 372 metros.

Os cientistas também usaram as amostras de ADN para descobrirem se as pessoas enterradas eram da mesma família e descobriu apenas o caso de um pai e um filho, sendo que todos os outros não eram familiares. Isto é uma pista de que o cemitério era de uma comunidade patrilinear — ou seja, a liderança passava na linhagem masculina, com as filhas a sair para irem viver com as famílias dos seus parceiros.» in https://zap.aeiou.pt/sepultura-guerreira-idade-pedra-476855

#historia

#arqueologia

#idadedapedra

05/05/22

História e Arqueologia - Uma equipa de cientistas analisou resíduos orgânicos presentes em punhais europeus da Idade do Bronze e descobriu que as adagas não eram usadas como símbolos de identidade e estatuto.


«Cientistas descobrem verdadeira função das adagas da Idade do Bronze

Uma equipa de cientistas analisou resíduos orgânicos presentes em punhais europeus da Idade do Bronze e descobriu que as adagas não eram usadas como símbolos de identidade e estatuto. Tinham também um propósito prático.

Até agora, a comunidade científica pensava que as adagas desempenhavam uma função meramente cerimonial, nomeadamente para simbolizar o status social e a identidade do seu dono.

Este entendimento era baseado no facto de muitos guerreiros da Idade do Bronze terem sido enterrados com os seus punhais, por exemplo.

Recentemente, uma equipa de cientistas da Universidade de Newscatle, no Reino Unido, conseguiu ir além destas interpretações e chegar a uma conclusão diferente: depois de compilarem várias evidências químicas, os investigadores descobriram que as lâminas de cobre eram usadas para cortar animais.

Dadas as dimensões dos punhais, estes instrumentos seriam mais adequados não no contexto da caça, mas no da preparação da carne — que inclui a retirada da pele e dos ossos, por exemplo — antes de consumo.

Segundo o Science Daily, este é o primeiro estudo a extrair amostras orgânicas passíveis de análise laboratorial a partir de materiais feitos de cobre, através de um método revolucionário de investigação de instrumentos antigos.

“A pesquisa revelou que é possível extrair e caracterizar resíduos orgânicos de metais antigos (…) Este é um avanço significativo já que o novo método permite a análise de uma ampla variedade de ferramentas e armas de liga de cobre de qualquer lugar do mundo”, disse a arqueóloga Andrea Dolfini.

“As possibilidades são infinitas, assim como as respostas que o novo método pode e vai fornecer no futuro”, acrescentou ainda a investigadora.

O artigo científico foi publicado, em abril, na Scientific Reports.» in https://zap.aeiou.pt/funcao-das-adagas-da-idade-do-bronze-476817

(A Adaga Extraterrestre do Faraó Tutancamon - Curiosidades Históricas)

01/05/22

História e Arqueologia - A arte que retratava cenas eróticas estava presente em todos os estratos sociais de Pompeia.


«Exposição de arte erótica de Pompeia viaja até uma cultura que celebrava abertamente a sexualidade

A arte que retratava cenas eróticas estava presente em todos os estratos sociais de Pompeia. A exposição vai estar aberta ao público até Janeiro de 2023.

As peças de arte erótica encontradas no meio das ruínas de Pompeia podem fazer-nos corar hoje, mas estavam presentes em todos os estratos da sociedade da comunidade que foi abalada pela erupção do Vesúvio em 79 D.C — e vão agora ser expostas para todos.

São cerca de 70 obras, entre elas dois medalhões decorados com imagens de sátiros e ninfas, que foram recolhidas de uma carruagem cerimonial encontrada no sítio no ano passado. A exposição vai abrir ao público no parque arqueológico de Pompeia a partir de 21 de Abril e pode ser visitada até 15 de Janeiro de 2023.

Para além das obras, os visitantes vão também poder fazer uma visita guiada ao local com a ajuda de uma aplicação para poderem ver as casas ao longo da Via del Vesuvio que têm frescos nas paredes, incluindo uma pintura encontrada em 2018 que representa o deus da fertilidade, Priapus, a pesar o seu pénis numa balança, e outra descoberta em 2019 que mostra Leda a ser engravidada pelo deus romano Júpiter, que estava disfarçado sob a forma de um cisne.

“Obviamente, as casas das pessoas ricas tinham mais pinturas, mas as imagens eróticas eram muito comuns em Pompeia”, revela Gabriel Zuchtriegel, diretor do parque arqueológico. “Tinham muito a ver com a forma como os romanos usaram a cultura grega como um código cultural, e muita da arte reflete o mitos e histórias gregas retiradas das suas tradições”.

Os cientistas tinham uma tendência para achar que os locais onde estas obras de arte erótica foram encontradas eram bordéis, de acordo com Zuchtriegel, mas “também havia espaços para prostitutas dentro das casas”.

“Parece que temos imagens destas em cima de todas as casas, mas é sempre muito arriscado fazer este tipo de simplificação. A vida quotidiana antiga era tão complexa como a nossa e é arriscado reconstruir o que acontecia nestes lugares apenas com base nas imagens”, acrescenta.

A exposição também vai incluir arte com cenas homossexuais e inclui uma estátua encontrada na Casa Del Bracciale d’oro, uma das casas mais ricas de Pompeia, que representa um jovem que servia o seu mestre durante banquetes e que também o servia sexualmente.

“As pessoas olham para as imagens eróticas de Pompeia e veem libertação, mas eles também tinham regras escritas e não escritas e não era só este mundo de grande liberdade. Por exemplo, a homossexualidade era tolerada, mas isso não significa que era aceitada da forma como nós esperamos hoje em dia”, remata.» in https://zap.aeiou.pt/exposicao-arte-erotica-pompeia-474288

(COMO ERAM AS RELAÇÕES DE UM CASAL E OUTROS PRAZERES EM POMPEIA NA ROMA ANTIGA!)

#historia

#arqueologia

#pompeia

#sexualidade

27/04/22

História e Arqueologia - Arqueólogos encontraram artefactos que datam do II e III séculos, silos de armazenamento, altares de culto e poços de água.


«Descoberta na Turquia a maior cidade subterrânea do mundo

Arqueólogos encontraram artefactos que datam do II e III séculos, silos de armazenamento, altares de culto e poços de água.

A cidade turca de Midyat tem uma história tão rica que é vista por muitos como um autêntico museu ao ar livre. No entanto, os arqueólogos descobriram recentemente uma história completamente escondida sob as ruínas da cidade antiga — a maior cidade subterrânea do mundo.

Segundo o All That’s Interesting, os arqueólogos de Midyat descobriram um enorme espaço subterrâneo por pura sorte quando limpavam os passeios das ruas e edifícios históricos da cidade. Foi aí que tropeçaram numa entrada escondida de uma caverna, e, de seguida, avistaram uma passagem curiosa — o que os levou a um complexo colossal que deixou a equipa em pavor.

Com dezenas de túneis e 49 quartos descobertos, até agora, o espaço foi apelidado de Matiate, que significa “cidade das cavernas”. Durante o processo de escavação, os arqueólogos encontraram artefactos que datam do II e III séculos, silos de armazenamento, altares de culto e poços de água. O mais espantoso de tudo é que os historiadores acreditam ter descoberto apenas 3% da área total da cidade.

“Embora as casas no topo sejam datadas dos séculos XVII, XVIII e XIX, existe uma cidade completamente diferente por baixo”, explicou Gani Tarkan, diretor do Museu Mardin. “Essa cidade tem 1.900 anos de idade”.

A cidade rural de Midyat está situada no sudeste da Turquia. Foi colonizada durante o tempo do Império Assírio, por volta de 900 A.C.E. e foi governada por arameanos, persas, gregos, romanos, bizantinos e otomanos. Segundo Tarkan, a nova cidade calcária descoberta por baixo desta antiga cidade, provavelmente permaneceu inalterada durante os últimos 1.900 anos. O especialista acredita que o espaço foi outrora habitado por 70 mil pessoas.

Sobre a cidade subterrânea, o arqueologista acrescentou ainda que esta “foi inicialmente construída como esconderijo ou área de fuga”. “Como é conhecido, o cristianismo não era uma religião oficial no segundo século. As famílias e grupos que aceitavam o cristianismo geralmente refugiavam-se em cidades subterrâneas para escapar à perseguição de Roma“.

“Possivelmente, a cidade subterrânea de Midyat foi um dos espaços de vida construída para este fim”, especificou. “É uma área onde estimamos que pelo menos 60-70.000 pessoas viviam no subsolo”.

Lozan Bayar, um arqueólogo do Gabinete de Protecção e Supervisão do Município de Mardin, concordou com a visão de Tarkan. “No período inicial do cristianismo, Roma estava sob a influência de Pagãos antes de mais tarde reconhecer o cristianismo como a religião oficial”. Bayar prosseguiu: “Tais cidades subterrâneas forneciam segurança às pessoas e também aí realizavam as suas orações. Eram também locais de fuga. Cisternas, poços de água e sistemas de esgotos existem desde esse período”.

Tarkan e os seus pares continuam a encontrar relíquias, murais e túneis numa base regular à medida que os seus trabalhos de escavação continuam. Matiate está a provar ser tão vasto que ameaça ultrapassar a cidade subterrânea de Derinkuyu, previamente descoberta na região da Capadócia, na Turquia.

Pelo menos 40 outras cidades subterrâneas foram descobertas em toda a Turquia, mas nenhuma se compara a Matiate em termos de dimensão. Para além das enormes diferenças de tamanho, a maioria dessas cavernas não estavam localizadas sob cidades movimentadas como Matiate estava.

Se a estimativa de Tarkan de que ele e os seus investigadores apenas descobriram uma mera fração de Matiate estiver correta, ainda há muito trabalho a fazer. Como tal, espera que a descoberta espantosa leve pessoas de todo o mundo a visitar o local.» in https://zap.aeiou.pt/descoberta-na-turquia-a-maior-cidade-subterranea-do-mundo-475485

(Descoberta na Turquia a maior cidade subterrânea do mundo)

25/04/22

História e Arqueologia - Uma equipa de arqueólogos descobriu os restos mortais de um possível mercenário romano enterrado com a sua espada e o esqueleto de outro homem do período romano, no País de Gales, no Reino Unido.



«Vestígios de mercenários romanos e vítimas decapitadas descobertas no Reino Unido

Arqueólogos descobriram o local da escavação primeiramente nos anos 60, ao encontrar os restos de casas da Idade do Ferro.

Uma equipa de arqueólogos descobriu os restos mortais de um possível mercenário romano enterrado com a sua espada e o esqueleto de outro homem do período romano, no País de Gales, no Reino Unido. Neste segundo caso, a cabeça decapitada estava posicionada junto aos pés.

Em curso estão investigações sobre estes dois funerais distintos, assim como a outros funerais no local, que têm sido ali feitos por humanos desde a Idade da Pedra. Uma das localizações, por exemplo, conta com centenas de enterros de dois períodos diferentes da história: o primeiro diz respeito a pessoas que viveram durante o início do período medieval (410 a 1169 d.C.) e escolheram enterrar os seus mortos dentro de um monte que tinha sido usado como cemitério durante a Idade do Bronze (2500 a.C. a 800 a.C.), o qual a equipa também encontrou.

“O povo primitivo medieval voltou ao local pré-histórico para fazer este cemitério, apesar de ser um período cristão, sendo de esperar que fossem enterrados à volta de uma capela ou de uma igreja”, explicou o diretor do projeto de escavação Mark Collard, arqueólogo, à Live Science.

Os arqueólogos descobriram o local da escavação primeiramente nos anos 60, ao encontrar os restos de casas da Idade do Ferro (800 a.C. a 43 d.C.), assim como a Villa Romana Whitton Lodge. No entanto, não foi até há pouco tempo que, durante um levantamento arqueológico relacionado com o projeto de construção de estrada, os arqueólogos se aperceberam de que o local conservava muito mais história.

De 2017 até 2018, o grupo Rubicon Heritage escavou o local e desde então tem vindo a trabalhar numa monografia, ou seja, uma descrição detalhada e revista por pares. Em Março, lançaram um livro eletrónico e um mapa interativo online da escavação, conhecido como 5 Mile Lane.

As primeiras provas encontradas na 5 Mile Lane consistem em ferramentas de pedra de um caçador-coletor que datam do período Mesolítico, apontou Collard. “Mostra que os mesolíticos estão a atravessar a área” e a caçar animais como o auroque (Bos primigenius), uma espécie de gado extinta, continuou.

As pessoas que viviam na área durante o Neolítico parecem ter construído uma estrutura ritual de uso comum, atendendo aos grandes fossos ou buracos que os arqueólogos encontraram. “De forma simplista, assemelha-se a um grande alinhamento de postes que atravessam o campo”, disse Collard. A equipa também desenterrou os restos de uma pessoa numa posição de cócoras enterrada nas proximidades, sugerindo que o enterro estava efetivamente ligado ao ritual, disse.

Os arqueólogos encontraram os restos de várias casas  e funerais que datam da Idade do Bronze. Mas só na Idade do Ferro é que a paisagem se tornou mais delineada com casas pequenas, construídas em madeira e de telhado redondo e terras cultivadas. Estas quintas estavam próximas – a menos de 1,6 quilómetros de distância – e tinham animais domesticados.

“Isto mostra o quão densa era a população”, sintetiza Collard. Eventualmente, as pessoas acabariam por mudar de casas redondas para edifícios romanos de pedra retangular. “Não sabemos se eram os mesmos proprietários ou a mesma família, mas gostamos de pensar que existiu. E eles apenas se renderam às novas modas e assimilaram-se ao Império Romano”, disse ele.

A equipa planeia testar se realmente havia continuidade, examinando o ADN preservado encontrado nos enterros humanos, especialmente os cerca de 450 enterros encontrados no monte utilizado tanto pela Idade do Bronze como pelos primeiros povos medievais.

É provável que a área tenha sido bem utilizada porque “são terras agrícolas muito ricas por lá”, explicou Collard. “É bom para cultivar, mas também para manter os animais” pasto e tinha “acesso ao mar, que fica a alguns quilómetros de distância”, especificou.» in https://zap.aeiou.pt/vestigios-de-mercenarios-romanos-e-vitimas-decapitadas-descobertas-no-reino-unido-474634


#historia     #arqueologia     #mercenário     #romano     #vítimas    #decapitados

05/04/22

História e Arqueologia - O clima seco do deserto de Atacama ajudou a preservar as múmias dos Chinchorro durante 7000 anos, mas as alterações climáticas estão a trazer mais humidade para a região e a ameaçar estes exemplares históricos chilenos.


«As alterações climáticas estão a apodrecer as múmias mais antigas do mundo

O clima seco do deserto de Atacama ajudou a preservar as múmias dos Chinchorro durante 7000 anos, mas as alterações climáticas estão a trazer mais humidade para a região e a ameaçar estes exemplares históricos chilenos.

Tipicamente árido e seco, o deserto de Atacama no Chile não está imune ao efeito das alterações climáticas, sendo agora mais húmido. Esta alteração está a levar a que as múmias mais antigas do mundo se estejam a começar a decompor e a ganhar bolor, pondo em causa os esforços de preservação dos cientistas.

As múmias foram criadas pelos membros da cultura Chinchorro, uma comunidade piscatória que viveu de 5000 A.C. até 500 A.C. no Chile e no sul do Peru. O ritual fúnebre envolvia a remoção cuidadosa da pele e dos órgãos, enchendo os corpos com peles animais ou argila, e a adição de perucas, penas e máscaras de argila para adornar os corpos, sendo que alguns eram até pintados.

Os corpos encontrados no deserto de Atacama são os mais antigos do mundo, com a tradição dos Chinchorro a iniciar-se 2000 anos antes dos egípcios também terem começado a mumificar o seus mortos.

A sua preservação deve-se em grande parte ao clima seco do deserto, e apesar de algumas das múmias terem sido levadas para museus, algumas foram deliberadamente enterradas novamente no Atacama pelos arqueólogos, na esperança de diminuírem a sua exposição aos elementos, revela o Gizmodo.

Com as alterações climáticas, os cientistas têm notado nos últimos anos que as múmias se têm degradado mais rapidamente, com bolor até a crescer em algumas. Em 2015, um relatório confirmou esta hipótese e nesse mesmo ano choveu mais na região do que em vários anos anteriores juntos.

De acordo com Benardo Arriaza, um especialista na cultura Chinchorro, a deterioração varia com o tipo de múmia e de materiais usados, sublinhando que as que usam tecidos orgânicos são mais afetadas pelas mudanças.

Não se sabe ao certo quantas múmias estão enterradas na região, mas Arriaza acredita que os arqueólogos vão conseguir preservar este pedaço importante da história do Chile com a criação de um novo museu no país.

“Será uma oportunidade incrível para melhorarmos os critérios de conservação, exposição e de gestão das coleções. As múmias têm sido preservadas ao longo de milhares de anos, e vamos fazer tudo para garantirmos a sua preservação”, remata.» in https://zap.aeiou.pt/alteracoes-climaticas-apodrecer-mumias-471001

#ambiente

#chile

#historia

#arqueologia

29/03/22

História e Arqueologia - Uma nova descoberta arqueológica na Escócia trouxe lágrimas aos olhos dos cientistas, quando encontraram uma rocha esculpida pelos Pictos com formas geométricas, datada de há 1500 anos.


«“Descoberta de uma vida”. Rara rocha esculpida pelos Pictos com símbolos misteriosos

Os cientistas não sabem ao certo o que os símbolos significam, mas acreditam que se podem referir a um sistema de atribuição de nomes.

Uma nova descoberta arqueológica na Escócia trouxe lágrimas aos olhos dos cientistas, quando encontraram uma rocha esculpida pelos Pictos com formas geométricas, datada de há 1500 anos.

Os Pictos eram a população indígena de língua celta que viveram no norte e leste da Escócia e lideraram a resistência que impediu o sucesso da invasão romana no país.

A equipa descobriu inesperadamente a rocha, com 1.7 metros de comprimento, enquanto fazia uma pesquisa geofísica em Aberlemno, uma vila onde os Pictos viveram e onde outras pedras já foram encontradas, relata o Live Science.

A pedra incluiu formas geométricas com símbolos abstratos típicos dos Pictos, como ovais triplas, um pente e espelho, um crescente e discos duplos, com desenhos sobrepostos, o que indica que foram esculpidos em tempos diferentes. Não se sabe ao certo o que os símbolos significam, mas os autores acreditam que são um sistema que representa os nomes dos Pictos.

“É a descoberta de uma vida, genuinamente“, afirma James O’Driscoll, um dos arqueólogos da equipa, num vídeo da Universidade de Aberdeen. Apenas 200 destas rochas foram encontradas até agora, incluindo uma que retratava cenas da Batalha de Nechtansmere — uma vitória dos Pictos sobre o reino anglo-saxónico de Nortúmbria.

Esta rocha foi encontrada no início de 2020, com a equipa a notar anomalias subterrâneas que sugeriam que lá estariam destroços da comunidade. Os cientistas escavaram assim mais fundo para descobrirem o que lá estava e encontraram assim a pedra com as formas geométricas.

A equipa só conseguiu remover e examinar a pedra mais tarde, devido aos confinamentos. As esculturas foram datadas do século V ou VI A.C. e estas rochas são bastante raras.

“São ocasionalmente escavadas pelos arados dos agricultores ou durante a construção de estradas, mas quando as podemos analisar, muito do que as rodeia já foi perturbado. Encontrar algo assim é absolutamente notável e nenhum de nós podia acreditar na nossa sorte”, revela Gordon Noble, líder da escavação, num comunicado.

Os cientistas acreditam ainda que a rocha foi depois usada no pavimento de um edifício do século XI ou XII. A pedra está agora no laboratório de conservação Graciela Ainsworth, em Edinburgo, onde os investigadores a vão estudar mais.» in https://zap.aeiou.pt/rara-rocha-esculpida-pictos-simbolos-470003

(Rare Pictish symbol stone found near site of famous ancient battle)

#arqueologia

#escociaaberlemno

#pictos

08/03/22

História e Arqueologia - Uma equipa de arqueólogos e especialistas marinhos descobriu tesouros e artefactos de um navio romano preservado há mais de 1.700 anos numa praia habitualmente muito populada em Maiorca.


«Tesouro romano submerso durante 1.700 anos encontrado numa praia em Maiorca

Uma equipa de arqueólogos e especialistas marinhos descobriu tesouros e artefactos de um navio romano preservado há mais de 1.700 anos numa praia habitualmente muito populada em Maiorca.

Há cerca de 1.700 anos um barco que transportava um avultado número de azeitonas, vinho e azeite, entre outro tipo de mercadorias, afundou. E agora foi descoberto pelo governo de Maiorca.

Segundo os investigadores, acredita-se que foi no decorrer de uma tempestade que o navio — que fazia o trajeto entre Itália e Espanha — foi engolido por ondas de grandes proporções.

Até ao mês passado, parte do conteúdo do navio de mercadorias permaneceu intacto, de forma considerada espantosa, apesar de a mercadoria estar apenas a 2 metros de profundidade. É de destacar que o tesouro tem estado durante todo este tempo acessível a inúmeros turistas que se banham numa das praias mais movimentadas das Ilhas Baleares.

Para além de recipientes de barro que serviriam para guardar os alimentos transportados, os arqueólogos encontraram um sapato de couro, outro de corda, uma panela, uma lamparina e apenas a quarta broca de carpinteiro romano recuperada na região.

Depois de realizar uma intervenção de emergência, o Conselho Insular de Maiorca, a instituição que governa a ilha, reuniu uma equipa de arqueólogos e especialistas marinhos para realizar o projeto “Arqueomallornauta”, com uma duração de três anos.

Também foi possível recolher e analisar fragmentos do navio. Miguel Ángel Cau, arqueólogo da Universidade de Barcelona, realça que o “fator mais surpreendente acerca do barco” é a qualidade de preservação que demonstra. Acrescenta que o material em que foi construído é “madeira na qual podemos bater e soa à do dia de ontem”.

“O objetivo é preservar tudo o que está lá e toda a informação que contém, e isso não poderia ser feito numa única intervenção de emergência”, diz Jaume Cardell, chefe de arqueologia do Conselho.

“Não se trata apenas de Maiorca; em todo o Mediterrâneo ocidental há muito poucos naufrágios com uma carga muito singular”, conclui Cardell.

Darío Bernal-Casasola, arqueólogo da Universidade de Cádiz, sublinha que “não há barcos romanos completos em Espanha” e que esta descoberta é vital “em termos de arquitetura naval”, uma vez que há muito “poucos barcos antigos tão bem preservados” como este.

“A ideia é recuperar o casco e estamos em contacto com especialistas nacionais e internacionais para garantir a recuperação adequada”, diz Cardell.» in https://24.sapo.pt/atualidade/artigos/tesouro-romano-submerso-durante-1700-anos-encontrado-numa-praia-em-maiorca

02/03/22

História e Arqueologia - Tutankhamon, o príncipe egípcio que subiu ao trono ainda muito jovem, é mais conhecido pelos artefactos encontrados no seu túmulo do que pelas suas capacidades administrativas.



«A gloriosa adaga de ferro de Tutankhamon foi feita a partir de um meteorito

Tutankhamon, o príncipe egípcio que subiu ao trono ainda muito jovem, é mais conhecido pelos artefactos encontrados no seu túmulo do que pelas suas capacidades administrativas. A mais recente descoberta está relacionada com a sua adaga de ferro dourada, que foi feita a partir de um meteorito.

O Rei Tutankhamon foi o último governante da 18.ª dinastia do Egito. O seu túmulo foi encontrado há quase um século, mas os mais de 5.000 artefactos recuperados ainda estão a ser analisados.

A adaga de ferro dourada é um dos poucos pertences feito de ferro. Os arqueólogos acreditam que, naquela época, o ferro era um símbolo de alto estatuto na sociedade.

Em 2016, uma investigação analisou a composição do material e encontrou vestígios elevados de níquel no componente principal do ferro. Enquanto os vestígios de níquel no ferro terrestre não excedem 4%, o teor de 11% de níquel na lâmina apontava para a origem extraterrestre, muito provavelmente um meteorito.

Uma equipa de cientistas do Chiba Institute of Technology, no Japão, obteve uma imagem ótica de alta resolução da adaga e, além dos vestígios de níquel e cobalto encontrados em 2016, foram descobertos vestígios de enxofre, cloro, cálcio e zinco sob a forma de manchas negras na lâmina.

Segundo o Ars Technica, a distribuição destes elementos segue um padrão conhecido como padrão Widmanstatten, visto regularmente em meteoritos de ferro.

A partir das baixas quantidades de enxofre nos pontos escurecidos, os investigadores concluíram que o punham foi forjado a uma temperatura relativamente baixa de 950 graus Celsius

O artigo científico com os resultados foi publicado, em fevereiro, na Meteorites and Planetary Science. » in https://zap.aeiou.pt/adaga-tutankhamon-feita-meteorito-465033

(Adaga de ferro de Tutankhamon cujo material veio do espaço)


26/02/22

História e Arqueologia - O procedimento para classificar como conjunto de interesse nacional mais de dois mil monumentos megalíticos do Alentejo foi ontem aberto, segundo um anúncio publicado em Diário da República (DR).


«Aberto procedimento para classificar 2.049 monumentos megalíticos do Alentejo

O procedimento para classificar como conjunto de interesse nacional mais de dois mil monumentos megalíticos do Alentejo foi ontem aberto, segundo um anúncio publicado em Diário da República (DR).

Segundo o anúncio, assinado pelo diretor-geral do Património Cultural, João Carlos dos Santos, o processo envolve 2.049 monumentos do Megalitismo Alentejano, incluindo antas e menires.

O processo de classificação foi desencadeado, em outubro de 2020, pela diretora regional de Cultura do Alentejo, Ana Paula Amendoeira, lembrou a DRCAlen, em comunicado.

A responsável requereu, na altura, junto da Direção-Geral do Património Cultural e do Conselho Nacional de Cultura, a “classificação urgente e excecional de todo o conjunto do património megalítico da região do Alentejo como conjunto de interesse nacional”.

“A urgência da salvaguarda deste conjunto surge perante as várias destruições de património arqueológico resultantes do modelo de agricultura superintensiva que tem vindo a ser implementado no Alentejo, numa situação dramática e de crescente e sistemático desaparecimento da sua paisagem cultural”, justificou a DRCAlen.

Ana Paula Amendoeira revelou à Lusa que, com a publicação em DR, o processo entrou em consulta pública, resultando de um trabalho “muito complexo” no terreno.

“Agora, conseguimos, de facto, concluir esta etapa e o nosso objetivo último é ter este património classificado como património de interesse nacional”, disse.

O conjunto em classificação é “inédito na sua dimensão”, salientou a responsável, indicando que os 2.049 exemplares identificados correspondem à área de maior concentração de monumentos megalíticos da Península Ibérica e “uma das mais relevantes” à escala europeia.

O conjunto é formado por exemplares “espalhados um pouco por todo o Alentejo”, com o distrito de Évora a concentrar o maior número, 1.252, mas também abrange o distrito de Santarém, com 37 monumentos situados no concelho de Coruche.

Évora (283), Montemor-o-Novo (234), Mora (179), Reguengos de Monsaraz (171) e Arraiolos (137), todos no distrito de Évora, são os concelhos alentejanos que têm mais concentração destas estruturas megalíticas, de acordo com o documento publicado no DR.

Ana Paula Amendoeira destacou que, com a classificação, “o objetivo primeiro é a salvaguarda deste património, que tem um valor em si mesmo, independentemente do interesse que possa ter a nível turístico”.

Muitos destes monumentos “não tinham classificação” e, nesse sentido, a direção regional apresentou esta “proposta histórica” para que “um conjunto forte e numeroso” de monumentos possa ser património de interesse nacional.

É preciso salvaguardar um tipo de património que, “em muitos casos, não tem qualquer tipo de proteção particular”, pelo que está “exposto e vulnerável, sobretudo pelo histórico dos últimos tempos, de destruição de património arqueológico em contexto de práticas agrícolas”, explicou.

Em comunicado, a DRCAlen indicou que o processo para a classificação contou, “desde a primeira hora”, com a colaboração científica da equipa coordenada por Ana Catarina Sousa e Victor Gonçalves, do UNIARQ – Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa.

O megalitismo “corresponde ao fenómeno identitário de maior projeção na história das primeiras sociedades camponesas, do 4º e do 3º milénio antes da nossa Era (a.n.e.), no Alentejo”.

“As antas e os menires representam, além disso, um dos únicos vestígios pré-históricos que permaneceram visíveis à superfície, tendo constituído, junto das populações, um referencial identitário na paisagem durante quase seis mil anos, até aos dias de hoje”, acrescentou a direção regional.» in https://odigital.sapo.pt/aberto-procedimento-para-classificar-2-049-monumentos-megaliticos-do-alentejo/

(Gente que nunca mais existiu - O Megalitismo em Montemor-o-Novo)

10/01/22

História e Arqueologia - O período de seca coincidiu com o declínio dos Maias no século IX, mas um novo estudo mostra que a civilização consumiu 500 plantas diferentes, muitas delas resistentes à falta de chuva.



«A seca provocou o colapso da antiga civilização Maia? Há dúvidas

O período de seca coincidiu com o declínio dos Maias no século IX, mas um novo estudo mostra que a civilização consumiu 500 plantas diferentes, muitas delas resistentes à falta de chuva.

Em julho, um estudo mostrou que o tamanho da população Maia na cidade de Itzan, na atual Guatemala, variou ao longo do tempo em resposta às alterações climáticas.

Na altura, as descobertas revelaram que tanto as secas quanto os períodos de muita chuva levaram a declínios populacionais importantes.

Agora, uma nova investigação levantou algumas dúvidas sobre a seca enquanto motor do colapso da antiga civilização Maia.

De acordo com a Universidade da Califórnia, uma análise levada a cabo pelo arqueólogo Scott Fedick e pelo fisiologista vegetal Louis Santiago indicou que os Maias tinham quase 500 plantas comestíveis à sua disposição, muitas das quais altamente resistentes à seca.

“Mesmo em situação de seca mais extrema – e não temos provas claras da situação mais extrema alguma vez ocorrida – 59 espécies de plantas comestíveis ainda teriam persistido”, afirmou Louis Santiago, um dos autores do artigo científico publicado, a 4 de janeiro, na Proceedings of the National Academy of Sciences. 

Entre os tubérculos mais consumidos pelos Maias estão a mandioca e o palmito, além das folhas de chaya, ricas em proteínas, ferro, potássio e cálcio.

“Juntas, a chaya e a yucca teriam fornecido uma grande quantidade de hidratos de carbono e proteínas“, adiantou Santiago.

A equipa não avança, contudo, uma razão plausível para o declínio da antiga civilização Maia, ainda que suspeite que as convulsões sociais e económicas desempenharam um papel importante.

“Uma coisa que sabemos é que a explicação demasiado simplista da seca que levou ao colapso da agricultura provavelmente não é verdadeira“, rematou Fedick.» in https://zap.aeiou.pt/seca-colapso-maia-ha-duvidas-455313


(12 - Embora a civilização maia já estivesse em declínio na época da chegada dos espanhóis à...)


#história    #arqueologia    #civilizaçãomaia    #declínio    #seca    #ambiente    

#ecologia    #mandioca    #palmito

26/12/21

História - Em 536, os relatos de historiadores sugerem por detrás deste bizarro nevoeiro estiveram várias erupções vulcânicas catastróficas.


«Descubra porque 536 foi um dos piores anos para se viver na Terra

“Foi o começo de um dos piores períodos para estar vivo“, disse o arqueólogo e historiador medieval Michael McCormick. De acordo com o especialista, houve um nevoeiro que bloqueou os raios solares, fazendo com que as temperaturas caíssem drasticamente, desencadeando anos de caos em todo o mundo: nevou na China em pleno mês de agosto, proliferaram-se secas fortes – como as que afetaram a civilização Moche do Peru – em vários países e impôs-se uma fome generalizada devido às colheitas agrícolas perdidas.

Os relatos de historiadores sugerem por detrás deste bizarro nevoeiro estiveram várias erupções vulcânicas catastróficas. As consequências causadas pelo acentuado arrefecimento global foram tão fortes que se refletiram nos detritos acumulados desde os núcleos de gelo na Antártida até aos anéis das árvores na Gronelândia.

É que, nesse ano, uma gigantesca erupção de um vulcão na Islândia deu origem a uma nuvem densa e negra que acabou por mergulhar a Europa, o Médio Oriente e partes da Ásia numa escuridão que tornou dia e noite indistintos e se prolongou por 18 meses. No verão de 536, as temperaturas caíram para os 2,5ºC (uma descida de 1,5ºC), o que marcou o início da década mais fria dos últimos 2300 anos, desastrosa para a produção agrícola e marcada pela consequente fome. Pouco depois, em 541, chegava a peste bubónica que matou milhões de pessoas na região Este do Império Romano e provocou um colapso económico que se prolongaria por três décadas.

De acordo com este artigo da CNN, essa erupção vulcânica e o surto de peste de 542 dinamitaram então a economia europeia, levando a uma estagnação que terá durado até 575. Entretanto, em 540 e 547, deram-se novas explosões vulcânicas de grande envergadura. Em declarações à “Science”, Michael McCormick, um historiador de Harvard, foi taxativo sobre o ano 536: “Foi o começo de um dos piores períodos para se estar vivo, se não for o pior ano.”» in https://greensavers.sapo.pt/saiba-porque-536-foi-um-dos-piores-anos-para-se-viver-na-terra/

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