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Teixeira de Pascoaes (1877–1952) é justamente considerado o “poeta da Saudade”, tema central da sua obra. Eis um soneto dele, presente no livro Sempre (1898), que aborda esse sentimento:
Saudade, gosto amargo de infelizes,
Delícia de se estar bem a sofrer,
Arrepio da dor que apetecemos,
Doce prazer de tristezas cicatrizes.
Cantiga triste que nos falam brisas,
Lembrança suave que faz doer,
Desejo de amar e não se ter,
Amor ausente que nunca se precisa.
És a presença de ausências sentidas,
És o regresso de quem não voltou,
Dor que é prazer, e prazer que é dor.
E és a essência das almas doridas,
Perfume que a tristeza em nós deixou,
E a saudade és tu, ó Portugal, amor!"
Teixeira de Pascoaes, Amarante, Gatão, 1898.
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