«O VENTO SOPROU PARA LESTE
O FC Porto perdeu esta terça-feira no Estádio do Dragão, frente ao Zenit (0-1), num jogo em que teve menos um homem desde os seis minutos. Porém, os dez Dragões mais pareceram 12 e encostaram várias vezes os russos às cordas, sendo que o golo de Kerzhakov, aos 85 minutos, materializou um resultado falso como Judas, construído ainda graças a algumas decisões incompreensíveis do árbitro Tagliavento.
A sorte do encontro acabou por soprar para leste, sendo que os russos até pareceram quase sempre interessados no empate. A equipa portista saiu do Dragão aplaudida pelos adeptos e terá agora de enfrentar um osso duro de roer na Rússia, na quarta jornada, a 6 de Novembro. No difícil terreno do Zenit, o FC Porto terá de partir em busca da vitória para sair do actual terceiro lugar do grupo G (três pontos), que não dá direito ao ambicionado lugar nos oitavos-de-final da Champions.
A partida não tardou muito a subir de temperatura. O FC Porto criou a primeira situação de perigo na sequência de um canto, aos cinco minutos, mas, no respectivo contra-ataque, o Zenit lançou Hulk numa das suas incríveis correrias. Herrera cometeu falta e viu o cartão amarelo; no minuto seguinte veria o segundo amarelo, por sair da barreira antes do apito do árbitro. O vermelho, que deixou os Dragões com dez homens, foi um castigo pesado e não teve correspondência, em termos de rigor, com outras decisões do árbitro, nomeadamente quando Danny pontapeou a bola com o jogo já parado ou quando um lançamento lateral foi “oferecido” ao Zenit nas barbas do banco azul e branco.
O “Incrível” Hulk seria mesmo a principal dor de cabeça da defensiva portista durante a primeira parte, criando muito perigo aos 11 minutos, num remate de ângulo difícil. Porém, mesmo com mais um jogador, o Zenit só voltaria a ameaçar o golo aos 39 minutos, por intermédio de Shirokov. Pelo meio, o FC Porto fez das tripas coração e assumiu o controlo do jogo. Com um bloco defensivo mais recuado do que o habitual mas sem perder agressividade – antes pelo contrário –, os portistas não se encolheram nos momentos de posse, trocando bem a bola e criando situações de remate.
A melhor situação do primeiro tempo foi protagonizada por Lucho, que fez a bola embater com estrondo na barra, aos 20 minutos, após passe de Alex Sandro. Na recarga, em situação difícil, Licá rematou ao lado, mas foi-lhe mal assinalado um fora de jogo, em mais uma situação em que o rigor não imperou. O perigo do Zenit era invariavelmente protagonizado em jogadas de contra-ataque e as estatísticas ao intervalo assim o comprovavam: mais posse de bola (52 por cento) e mais remates (11).
Após uma primeira parte em que Fernando (a recuperar) e Lucho (a construir) foram gigantes no meio-campo, o FC Porto entrou melhor na etapa complementar, com o recém-entrado Varela, num lance individual, a rematar pouco ao lado, aos 55 minutos. No entanto, aos 57 minutos, após uma perda de bola de Otamendi, Hulk isolou-se: na melhor situação do Zenit até então, foi o ex-companheiro Helton, com uma grande defesa, que evitou que o brasileiro que tanto encantou o Dragão voltasse a marcar no seu palco de sonho.
A passagem da hora de jogo marcou o início de um novo período no encontro, que se foi partindo e transformando numa roleta russa. O Zenit pressionou o FC Porto mais junto à sua área, beneficiando do desgaste físico dos Dragões, mas também deixou espaço para vários contra-ataques. Num desses momentos, aos 79 minutos, Varela atirou à barra, num remate à meia-volta.
Parecia escrito que a roleta iria mesmo ser favorável aos homens de São Petersburgo, que chegaram ao golo num cabeceamento de Kerzhakov (85m). Num último assomo, o FC Porto ainda conseguiu mais três (!) ocasiões de golo, por Ghilas, Jackson e Varela, todas salvas por Lodygin. O guardião esteve ainda envolvido em mais uma estranha rábula protagonizada por Tagliavento: após ter ficado caído no chão, depois de uma disputa de bola, no ar, com um jogador do FC Porto, o árbitro deixou o lance seguir, para uns dez segundos depois pedir assistência ao guarda-redes; no reatar da partida, para surpresa de todos, foi assinalada falta sobre Lodygin, em vez de bola ao ar. Tratou-se apenas de mais uma pitada de injustiça num jogo em que o FC Porto pareceu sempre mais equipa.
FICHA DE JOGO
FC Porto-Zenit, 0-1
Liga dos Campeões, grupo G, terceira jornada
22 de Outubro de 2013
Estádio do Dragão, no Porto
Assistência: 31.109 espectadores
Árbitro: Paolo Tagliavento (Itália)
Assistentes: Mauro Tonolini e Lorenzo Manganelli
Quarto árbitro: Alessandro Giallatini
Assistentes adicionais: Paolo Mazzoleni e Paolo Valeri
FC PORTO: Helton; Danilo, Otamendi, Mangala e Alex Sandro; Fernando, Herrera e Lucho (cap.); Josué, Jackson Martínez e Licá
Substituições: Licá por Varela (53m), Josué por Defour (75m) e Lucho por Ghilas (86m)
Não utilizados: Fabiano, Maicon, Quintero e Ricardo
Treinador: Paulo Fonseca
ZENIT: Lodygin; Ansaldi, Neto, Lombaerts (cap.) e Smolnikov; Shatov, Fayzulin e Shirokov; Arshavin, Hulk e Danny
Substituições: Arshavin por Zyryanov (65m), Shirokov por Kerzhakov (73m) e Smolnikov por Criscito (80m)
Não utilizados: Vasyutin, Hubocan, Bystrov e Tymoshchuk
Treinador: Luciano Spalletti
Ao intervalo: 0-0
Marcador: Kerzhakov (85m)
Cartões amarelos: Herrera (5m e 6m), Fayzulin (36m), Shirokov (42m), Lucho (72m), Jackson (74m) e Neto (90+4m)
Cartão vermelho: Herrera (6m)» in http://www.fcporto.pt/Noticias/Futebol/noticiafutebol_futfcpzenitcro_221013_78167.asp
(Resumo do jogo do Dragão)