12/12/25

Ambiente e Ecologia - Uma equipa de biólogos marinhos da Universidade de Sydney identificou uma combinação devastadora de branqueamento de coral e uma doença necrosante rara que dizimou corais grandes e de vida longa na Grande Barreira de Coral durante a vaga de calor marinha recorde de 2024.



«Extremos climáticos desencadearam doença rara e mortalidade em massa na Grande Barreira de Coral

Uma equipa de biólogos marinhos da Universidade de Sydney identificou uma combinação devastadora de branqueamento de coral e uma doença necrosante rara que dizimou corais grandes e de vida longa na Grande Barreira de Coral durante a vaga de calor marinha recorde de 2024. As conclusões sugerem que as alterações climáticas estão a progredir demasiado depressa para que estes organismos consigam adaptar-se.

O estudo, liderado pela professora Maria Byrne e pela investigadora Shawna Foo, revelou que o branqueamento provocado por temperaturas extremas do oceano foi seguido por um surto sem precedentes de doença da faixa negra (black band disease), que matou colónias massivas de corais Goniopora, no recife One Tree, no sul da Grande Barreira.

“A investigação mostra que o impacto cumulativo da doença — que surgiu após o início do branqueamento — foi o que matou os Goniopora. São corais muito longevos, que normalmente sobreviveriam ao branqueamento”, explica Maria Byrne. O trabalho foi publicado na revista Proceedings of the Royal Society B.

A doença da faixa negra é uma infeção bacteriana necrosante que avança sobre o coral vivo, formando uma banda escura que atravessa a colónia, normalmente conduzindo à sua morte. É comum nos recifes das Caraíbas, mas extremamente rara nas águas australianas.

Durante o El Niño de 2024, as temperaturas do mar na Grande Barreira atingiram valores históricos, com condições de vaga de calor marinha que persistiram durante meses. Nesse período, 75% das colónias de Goniopora no recife One Tree branqueou. Inicialmente, apenas 4% mostravam sinais de doença da faixa negra. No entanto, em abril a infeção espalhou-se de forma agressiva, afetando mais de metade das colónias branqueadas.

Ao acompanhar 112 colónias marcadas durante um ano, a equipa verificou que três quartos tinham morrido até outubro de 2024, enquanto apenas um quarto apresentava sinais de recuperação parcial. Levantamentos populacionais de mais de 700 colónias revelaram o mesmo padrão: branqueamento generalizado, rápida progressão da doença e elevada mortalidade.

A súbita aparição da doença da faixa negra nas águas limpas de One Tree Reef marca o primeiro evento epizoótico registado deste tipo na Grande Barreira, demonstrando como o stress térmico pode transformar até espécies consideradas resistentes em vítimas de doença.

“Normalmente, estes corais massivos suportam o stress ambiental, mas a combinação de calor recorde e infeção foi catastrófica”, afirma Shawna Foo. “É um exemplo claro de como múltiplos fatores de stress podem atuar em conjunto para enfraquecer a resiliência dos recifes”, adianta.

A investigação sublinha a importância de programas de monitorização prolongada no terreno, possibilitados pela One Tree Island Research Station da Universidade de Sydney, essencial para estudar ecossistemas coralíneos em condições naturais.

Num alerta global, os autores escrevem: “A atual trajetória das alterações climáticas avança demasiado depressa para que os corais se ajustem. Os recifes de coral estão em perigo, com vagas de calor anómalas e episódios recorrentes de branqueamento a constituírem a maior ameaça à sua sobrevivência.”

A perda destes grandes corais estruturantes terá efeitos duradouros na biodiversidade dos recifes, na proteção costeira e na segurança alimentar. “Os recifes de coral sustentam mais de mil milhões de pessoas no mundo inteiro. O que estamos a testemunhar é o colapso da resiliência natural destes ecossistemas. Uma ação global ambiciosa para reduzir emissões é agora o único caminho para garantir a sua sobrevivência”, conclui Byrne.» in https://greensavers.sapo.pt/extremos-climaticos-desencadearam-doenca-rara-e-mortalidade-em-massa-na-grande-barreira-de-coral/?utm_source=SAPO_HP&utm_medium=app&utm_campaign=destaques


Reportagem: https://www.youtube.com/watch?v=06EOfyav1BM



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