22/08/25

Amarante Poesia - Teixeira de Pascoaes era o Poeta do sentir das coisas, para ele a simplicidade desta Capela dos Milagres, constituía uma imensidão de poesia e de lirismo.





Senhora dos Milagres, um romeiro

De pés descalços, de cabeça ao vento,

Quer entregar-te o coração inteiro

De crença, mas partido de tormento.


Dantes, quando era vivo o sentimento,

Criou-se a tua lenda neste outeiro.

Às horas do crepúsculo cinzento,

Encontravam-se o pobre e o pegureiro.


Venho entregar-te agora o coração,

Velhinha imagem, sobre um velho altar,

Com duas flores: silêncio e solidão…


E quando uma avezinha, em ti, pousar,

Ela que o leve pelo céu, então:

Que, aonde o vento a leve, o vá levar."


Amarante, Gatão, Teixeira de Pascoaes (in "Sonetos", publicada por D. Manuel de Castro e Guilherme de Faria em Lisboa, 1925)


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