
"Nossa Senhora dos Milagres
Senhora dos Milagres, um romeiro
De pés descalços, de cabeça ao vento,
Quer entregar-te o coração inteiro
De crença, mas partido de tormento.
Dantes, quando era vivo o sentimento,
Criou-se a tua lenda neste outeiro.
Às horas do crepúsculo cinzento,
Encontravam-se o pobre e o pegureiro.
Venho entregar-te agora o coração,
Velhinha imagem, sobre um velho altar,
Com duas flores: silêncio e solidão…
E quando uma avezinha, em ti, pousar,
Ela que o leve pelo céu, então:
Que, aonde o vento a leve, o vá levar."
Amarante, Gatão, Teixeira de Pascoaes (in "Sonetos", publicada por D. Manuel de Castro e Guilherme de Faria em Lisboa, 1925)
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