09/04/13

Política Internacional - Quando deixou o poder, em 1990, Margaret Thatcher tinha a aprovação de apenas 24% dos britânicos, a mais baixa para um primeiro-ministro em mais de 50 anos. Vinte anos depois, foi apontada como a chefe de governo mais competente do Reino Unido em mais de três décadas.


«Ícone do século 20, Thatcher foi amada e odiada com a mesma intensidade



A primeira mulher a liderar uma potência ocidental sempre dividiu opiniões. Ela levou o Reino Unido à guerra, promoveu mudanças drásticas na economia e, para o bem ou para o mal, marcou para sempre a política britânica. 


Quando deixou o poder, em 1990, Margaret Thatcher tinha a aprovação de apenas 24% dos britânicos, a mais baixa para um primeiro-ministro em mais de 50 anos. Vinte anos depois, foi apontada como a chefe de governo mais competente do Reino Unido em mais de três décadas. 

A "Dama de Ferro" foi – e continua sendo – amada e odiada quase na mesma medida no Reino Unido. Para os admiradores, foi a responsável por restaurar a autoestima de um país quase paralisado pela crise econômica e por greves sistemáticas. Para os detratores, foi uma governante tirana e desatenta, que promoveu um governo individualista que acabou por aprofundar as diferenças entre ricos e pobres.

"A missão dos políticos não é agradar a todos", disse certa vez. Em outra, afirmou: "Ninguém lembraria o Bom Samaritano se ele tivesse apenas boas intenções – ele também tinha dinheiro".


 
Thatcher com Ronald Reagan em 1981: parceria durante a Guerra Fria
 
Filha de comerciante, Thatcher foi eleita premiê britânica em 1979 – e se tornou a primeira mulher a liderar uma potência industrial. Sua chegada ao poder representou uma completa transformação no Reino Unido. Ela apoiou a privatização de indústrias estatais e do transporte público; reformou os sindicatos, reduzindo drasticamente o poder deles; reduziu os impostos e o gasto público; e cortou a então grande flexibilidade laboral.

Pragmática e dogmática

Thatcher foi responsável pelo resgate do Partido Conservador, então no ostracismo na política britânica, e também por levar o Reino Unido à controversa Guerra das Malvinas, que terminou em dois meses com uma acachapante derrota argentina. Ao mesmo tempo, combateu com mão de ferro o grupo separatista IRA (Exército Republicano Irlandês) e negociou – e terminou com – a dominação britânica sobre Hong Kong, outro resquício do período colonialista.

Durante a Guerra Fria, manteve uma estrita colaboração com o então presidente americano, Ronald Reagan, mas, ao mesmo tempo, dizia considerar o líder soviético Mikhail Gorbatchov um homem com quem ela podia negociar.

"Nossas relações pessoais foram às vezes complexas, com altos e baixos, porém sérias e responsáveis de ambas as partes", disse Gorbatchov nesta segunda-feira (08/04), ao saber da morte da britânica.


A "Dama de Ferro" com Cameron em 2010, na volta dos conservadores ao poder
 
Nascida Margaret Roberts, a "Dama de Ferro" herdou o nome que consagria a si e seu estilo de governo (o thatcherismo) do marido Denis Thatcher, com quem teve dois filhos gêmeos. Ela costumava dizer que qualquer mulher que entende os problemas de uma casa estava preparada para conduzir um país.

Seu pragmatismo – às vezes com fortes doses de dogmatismo – acabou levando-na durante seus 11 anos de governo a negar a presença do Estado em vários âmbitos da vida cotidiana do Reino Unido, o que, para muitos, colaborou para a deterioração dos serviços públicos no país, como saúde, educação e transporte.

Auge e derrocada

Para Thatcher, liberalismo econômico e liberdade individual eram interdependentes; democracias deveriam sempre reagir de forma firme a qualquer tipo de agressão; e responsabilidade pessoal e trabalho duro eram a única forma de levar prosperidade ao país. "Moedas não caem do céu. Elas têm que ser ganhas na Terra", dizia.

O auge de sua carreira política foi após a Guerra das Malvinas, e o declínio chegou no final dos anos 1980, com a impopular política poll tax – um imposto municipal que, se não pago, levava à perda do direito ao voto – e com sua total aversão à integração europeia.


Meryl Streep interpretou a Dama de Ferro no cinema
 
A carreia política que começou em 1959, com sua eleição como deputada, começou a terminar com uma revolta interna em seu próprio partido, que culminou em sua renúncia como primeira-ministra em 1990. Para muitos, Thatcher pecou pelo mesmo excesso de determinação que havia, quase 11 anos anos, levado-a ao poder.

Thatcher estava há anos retirada da vida pública. Seu nome voltou à tona em 2011, com o lançamento de um filme-biografia estrelado por Meryl Streep. O longa resgatou a velha divisão entre os britânicos em torno de sua figura: os thatcheristas o criticaram por mostrar a ex-premiê com sintomas de demência; e seus detratores por humanizar a figura de uma mulher que, para eles, governou de forma desumana.

De qualquer forma, A Dama de Ferro arrecadou três vezes mais nos cinemas britânicos do que A Rainha (filme de 2006 sobre Elizabeth 2ª), um exemplo do interesse despertado por uma figura que ainda divide os britânicos, mas cuja habilidade política até hoje é reverenciada por aliados e adversários.» in http://www.dw.de/%C3%ADcone-do-s%C3%A9culo-20-thatcher-foi-amada-e-odiada-com-a-mesma-intensidade/a-16728429


(Morre Margaret Thatcher, ícone de ferro do liberalismo)



 (Margaret Thatcher brighton bomb speech )


(Margaret Thatcher - Capitalism and a Free Society)

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